Recordações

Planta, ave, barco…

Written by Zeneide

 

Sou planta raquítica, sem viço, sem beleza;

Vou murchando sem alento, maltratada pelos ventos

Que teimam em desgrudar minhas raízes.

Logo eu que, perfumada, queria despertar admiração;

Madura, desejava ser útil, diminuir a fome;

Verde, pretendia transmitir esperança…

               Sou ave ferida, sem ânimo,

               Incapacitada para fazer o que mais gosto: voar pelo espaço,

               Desfrutando a liberdade de viver.

               Agora, com a asa quebrada, minha vista se limita ao chão.

               Sinto-me distante dos sonhos,

               Todos eles concentrados em altos voos…

Sou barco sem rumo, com o leme partido,

Velas rasgadas por temporais, mastro inutilizado.

Desgovernado, estou no limite e só enxergo

A possibilidade de bater nos rochedos

Ou, então, ser tragado por ondas gigantescas.

               Senhor,

               Como  planta que murcha, venho te pedir a água da vida,

               A riqueza dos teus mananciais.

               Reanima-me e faz de mim uma sementeira de paz!

              Como ave que sofre, sara-me com o bálsamo do teu amor,

               Lava  as minhas feridas e restaura  o meu vigor.

               Alimenta-me, Senhor, e dá-me bons ventos, que me impulsionem

               Na direção das tuas veredas tranquilas.

               Como barco que naufraga, vem restaurar-me,

               Endireitar meu rumo e direcionar minha vida

               Para que eu possa navegar em paz, debaixo da tua segurança.  

Planta –  quero ser digno de representar tua maravilhosa criação.

Ave –  quero simbolizar a liberdade que há no conhecimento da tua verdade.

Barco –  quero apresentar muita gente ao meu perfeito piloto: Jesus Cristo.

             

( Texto escrito em fevereiro de 2006, do qual nem me lembrava)

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

6 Comments

  • Nossa, mãe, esse é um dos mais fortes, de fazer engolir seco.
    Lembro de já ter chorado uma vez quando o li pela primeira vez.
    Você consegue nos fazer sentir a verdade de cada sílaba – a dita, a não dita, a entre-dita.
    Soco no estômago, tapa na cara, dor na alma.
    Soluços e suspiros.

  • Também senti e ainda sinto o impacto que causa se derramar, de coração aberto, na presença do Senhor. Por isso, nem sempre publico o que escrevo…Que Deus nos abençoe na caminhada da fé e nos sensibilize a viver sob sua direção. Beijo, querida!

  • Faço minha as palavras da Cíntia. Já me senti assim, ou melhor, às vezes me pego a pensar como esse poema,mas sei que preciso confiar mais, me derramar mais na presença do Senhor. Que assim Deus nos ajude…

    • Amém! Precisamos mesmo nos conscientizar da nossa dependência de Deus, que sempre nos acolhe com misericórdia. Ele nos ajuda, sim.