Cotidiano

O bom perfume

Written by Zeneide

 

 

Quase todos reagem aos perfumes. Alguns, agradabilíssimos, despertam lembranças e proporcionam boas sensações; outros provocam rejeição imediata.

Outro dia, passando por uma construção, senti o cheiro de madeira cortada, daquele pó de serra perfumado que me levou à infância distante. Com ele, revi meu pai, tão forte, meio inclinado sobre sua bancada de carpinteiro, tirando lascas de uma tábua com sua plaina afiada. Vi-me segurando aquelas tiras de serragem, de tamanhos diferentes, mas de encanto sem igual. Saudade sem fim…

Marcel Proust, famoso escritor francês, autor de “A Procura do tempo Perdido”  afirma que não é possível acessar o próprio passado por meio da inteligência. Só a memória involuntária, disparada por algum elemento, é capaz de recuperá-lo. Daí a cena clássica da madeleine (bolinho apreciado na França):  ao mergulhar o doce numa xícara de chá e prová-lo, o protagonista relembra toda a sua infância. No caso, a memória é ativada pelo paladar e pelo olfato.

Entretanto, há pessoas que, apesar de gostar de bons perfumes, não os suportam pelo mal-estar que causam. Quem sofre de enxaqueca sabe bem disso.

Há muito a comentar sobre o tema: fabricação, diversidade de essências, embalagem, preço, consumismo… Livros e filmes foram produzidos sobre o perfume.

E para não dizer que não falei das flores, para mim elas são amostras grátis da generosidade do Criador, que encantam pela beleza, pela cor e pelo aroma que atrai pessoas, aves e insetos.

Lemos em II Coríntios 2: 13-14: “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.”

 Claro que entendo esse “bom perfume de Cristo” no sentido metafórico; da pessoa de Jesus devia emanar algo indescritível, que produzia a sensação de plenitude de paz, de profundo bem-estar. Por isso, somos instados a imitá-lo.

Não é o banho caprichado, o uso de óleos aromáticos ou de substâncias exóticas, mas a inteireza de caráter, a combinação ímpar de amor e justiça, a compaixão, a paciência, que produzem esse efeito inigualável.

Que Deus nos ajude a exalar pelo menos um pouco esse doce e sublime perfume de Cristo. Amém.

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.