Cotidiano

Inocência boa

chuva

Saudade do tempo em que
o vento era apenas vento,
a chuva era apenas chuva,
o barro era apenas barro.

Tudo em mim se acostumava:
a brisa sacolejando,
as gotas lavando folhas,
a lama tirando sarro.

Na Serra, menina, eu via:
vendaval pedindo água,
chuvisco formando lodo,
lama alegrando a gente.

Sem mais, inocência voa.
E o vento assobia lama,
a chuva castiga os ares,
o barro tortura a mente.

Na alma, o que sobra, clama:
Sopre, vento da empatia!
Caia, chuva da paciência!
Suje, lama da esperança!

Que eu tenha a saudade boa
De saber que não é vento,
Chuva ou barro o motivo
Do sorriso da criança.

(Cíntia Santana)

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

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