Cotidiano

Então, não posso rezar

Já escrevi sobre uma senhora que, quando soube que a capela do cemitério era longe de onde estava, disse:

– Então, não posso rezar!

Pois,

Já escrevi sobre uma senhora que, quando soube que a capela do cemitério era longe de onde estava, disse:

– Então, não posso rezar!

Pois, outra vez, ouvi a mesma frase, numa outra circunstância. Na ala de quimioterapia onde meu marido fazia sessões, os acompanhantes ficavam numa grande sala de espera, onde havia uma pilha de revistas, quase todas antigas. Era complicado ficar horas aguardando, especialmente se não tivesse alguma ocupação. Uns conseguiam dormir, outros liam ou se distraíam com joguinhos no celular. Às vezes levava um trabalho manual, para quando a mente estivesse cansada demais para a leitura.

Muita gente conversava e, em alguns casos, dava para saber a vida pregressa ou todo o histórico da enfermidade de algumas pessoas. Uma dessas senhoras que falavam bastante quis olhar o meu crochê e, depois de admirar o vestidinho que estava fazendo para a Bel, disse:

– Eu não tenho paciência para trabalhos manuais. Também não gosto de ler. Por isso, aproveito o tempo para rezar.

– Que bom! – falei. Então, a senhora deve rezar muito, pois a espera aqui é longa.

– Rezo, sim. Só que hoje não pude rezar porque esqueci de trazer meu terço.

Ah! – pensei. Quantas pessoas perdem a chance de se conectar com Deus só porque não encontram um local que julgam apropriado ou, no caso, não dispõem de uma “ferramenta”! Já ouvi, não faz muito tempo, outra senhora dizendo que não podia orar porque estava sem o véu para cobrir a cabeça.

Nossa vida de oração seria pobre demais se dependêssemos disso. Como é bom poder se comunicar com o Deus Eterno, o Pai misericordioso, sempre acessível e pronto a nos ouvir! “Orai sem cessar” – é a recomendação bíblica. A oração serve como desabafo, eleva nosso espírito, diminui a tensão e nos proporciona uma paz que só pode vir do céu.

Entendo que podemos rezar sempre, também fora da capela, sem véu e sem terço. Graças a Deus.

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

4 Comments

  • Se o meu travesseiro falasse!
    Sempre acreditei que podemos orar em qq lugar e circunstância.

    • É verdade. Aprendemos isso com a vó Carolina, que orava de madrugada. A gente acordava , dormia e acordava de novo e lá estava ela cochichando com Deus…

  • O Senhor é tão incrível que, independente do lugar ou da circunstancia, Nos dá toda atenção… Eu tenho por hábito, aproveitar minhas viagens de ida e volta ao trabalho, dentro do metrô e bater aquele papo com Deus… Também não desperdiço os momentos que estou em silêncio no carro dirigindo, ou arrumando a casa… E sei que Ele me atende… Não é necessário véu, Igreja, terço, banquinho ou nada disso, apenas o coração aberto e a vontade de falar sinceramente com Ele…
    ;-)

  • Que bom, Cíntia! Eu também faço isso e tenho experimentado a ação benéfica sobre minha vida. Mais um motivo de gratidão e de louvor Àquele que é tão disponível, apesar de nós. Grande abraço.