“Há mais luz nas letras do alfabeto do que em todas as constelações do firmamento.” ( Guerra Junqueiro 1850-1923 )
Iniciei minha carreira de professora numa escolinha de madeira, na zona rural de Itapetininga, São Paulo, onde lecionava para três turmas, no período da manhã.
Ficava lá a semana toda e, à tarde, preparava aulas, corrigia provas e, às vezes, ia pescar lambaris com a criançada que morava mais perto. Também visitava algumas famílias.
Foi assim que, num fim de tarde, fui à casa do Pedro, um aluno que havia faltado por doença. Seus pais, muito simples, numa casinha mais simples ainda, eram tímidos e me pareceram envergonhados. Depois de conversar um pouco e tomar o inevitável café fraco na canequinha de lata, o pai foi ao quarto e veio com uma Bíblia; meio sem jeito, perguntou se eu poderia ler para eles. A mãe explicou que aquele era um presente que ganharam na igreja que frequentavam aos domingos, no bairro vizinho, a doze quilômetros dali. Não sabiam ler, mas estavam felizes porque o Pedro já estava começando a aprender.
Então peguei a Bíblia e fui lendo o Sermão da Montanha, algumas parábolas, uns Salmos e outros textos que eles foram pedindo, já sem tanta timidez. Ainda agora me lembro de como eles ouviam atentos, bebendo as palavras e até suspirando, por vezes.
Despedi-me e fui embora refletindo em como o analfabetismo priva as pessoas de uma vida melhor, tanto material como espiritualmente.
E foi naquela caminhada de volta, sentindo a carícia dos últimos raios de sol, que me conscientizei da importância da profissão que escolhera.
Passado tanto tempo, saber que aquele menino conseguiu ler a Bíblia para a edificação espiritual da sua família me deixa profundamente feliz.
Você com certeza influenciou a vida de muita gente, não só com sua profissão, mas com seu exemplo de vida… Agradeço a Deus pela sua existência e sensibilidade.
Dizem que recordar é viver. Estou achando que escrever é reviver…Obrigada, querida.
Está é uma crônica parassem publicada nesta semana… Professores há muitos, mestres, nem tanto!
Obrigada, mestra! Você e um exemplo, pois, mesmo aposentada, continua na luta para formar novos mestres.Beijo.