Quando passávamos as férias em Serra Negra, na zona rural, as crianças se divertiam muito. Juntavam-se aos amigos, filhos dos vizinhos e brincavam a tarde toda. Nem queriam ir à cidade, mas quando eu ia, sempre encomendavam salgadinhos e sorvetes.
Num dia quente em que voltei das compras bem cansada, encontrei a criançada entretidíssima, brincando de confeitaria : faziam bolos, brigadeiros e outros mil docinhos de barro, que arrumavam numas prateleiras improvisadas com tabuinhas e tijolos, restos de construção. Havia até uma mesinha, que servia de balcão .
Então, guardei os picolés no freezer, para depois do jantar, mas falei para a minha mãe pegar o que quisesse.
Quando estava me trocando, ela me chamou:
– Venha ver que sorvete mais nojento!
Fiquei admirada – era um Chicabon, da Kibon – mas fui olhar. Ela me mostrou o picolé, dizendo:
– Veio com um dente grudado. Que nojo!
Era verdade. Só que, quando olhei para ela, lá estava a falha do dente incisivo superior. Vendo minha mãe banguelinha, não aguentei: caí na risada, sem controle.
Assim que ela percebeu o que tinha acontecido, ficou muito nervosa e eu me arrependi de ter rido. Na mesma hora me destroquei e a levei à cidade para procurar um dentista.
Quando ele terminou de arrumar o dente, falou:
– Pronto, dona Bráulia! Agora é só ficar algum tempo sem morder sorvete de palito…
Não tenho certeza, mas acho que ela obedeceu àquela recomendação até o fim dos seus dias.
Gostei!
Coitada da Dona Bráulia, mas foi divertido ler a crônica…
Obrigada, contei porque , depois de passado o susto, ela mesma ria disso…
Eu me lembro dessa história, mas não consigo deixar de rir cada vez que você conta para alguém. Ela ficou muito nervosa mesmo, quando viu que estava sem um dente…
Nossa Tia, essa eu não sabia…..sabia da laranja no Sítio da Tia Neuza……….kkkkkk
São muitas as histórias de família… Aquela da laranja não presenciei, mas foi divertida…
Ela ficou tão nervosa como daquela vez que quebrou os óculos, lá em Serra Negra também. Nossa mãe era séria, mas gostava de contar “causos” , né?