Por: Zeneide Ribeiro de Santana
Alvorada é a revista da família da IPI do Brasil, que está completando 44 anos. No último sábado, participei de um Chá comemorativo desse aniversário, por sinal, muito gostoso e bem organizado. Algumas pessoas, a maioria senhoras, foram homenageadas por ter colaborado com a revista nessa trajetória.
Nesse momento, veio-me à memória um fato ocorrido há pelo menos quatro décadas. Minha mãe foi assinante da Alvorada desde sempre. Lembrei-me de uma vez em que estava folhando a revista e, quando vi a foto de um grupo de senhoras, quase todas idosas, comentei, com toda a inconsequência e irreverência da juventude: ” Quanta gente velha! Se fossem somar as idades, daria vários séculos!” Minha mãe apenas suspirou e disse que aquelas mulheres pareciam desgastadas porque, com certeza, deveriam ter trabalhado duramente para cuidar da casa, do marido e dos filhos; apesar disso, se a foto fora tirada na igreja, significava que também trabalhavam para o Senhor.
Aquelas palavras, ditas calmamente, valeram mais que um sermão, uma bronca ou uma repreensão irada e foram uma lição preciosa que me acompanhou pela vida afora. Pensei nas minhas avós tão dedicadas ao trabalho e à família, na minha própria mãe, dona de casa, mas que costurava o dia todo para ajudar no orçamento e que também era diaconisa prestativa, visitadora e assídua nos ensaios do Coral da IPI de Itapetininga.
Aprendi a respeitar a velhice, a dar valor à experiência de vida e ao que as pessoas fazem com essa experiência. Por isso, procurei ensinar o mesmo aos meus filhos e sei que eles também ensinarão seus filhos a cumprimentar carinhosamente e a dar atenção aos idosos.
Tudo isso me passou pela cabeça naquele momento do chá e, quando vi um rapaz fotografando tudo, sorri intimamente com um pensamento que me ocorreu:” Só faltava publicarem uma dessas fotos na Alvorada!” Então, se um(a) jovem me visse com minhas irmãs e outras senhoras, com certeza diria: “Quanta gente velha!” E seria bem feito para mim.
Ah! Minha amiga! Como é gostoso ler as suas crônicas…Elas são mesmo um refrigério para a alma. Nesses dias em que só se lê tragédias e confusões, foi um bálsamo ler o seu texto…
abraços,
Muito obrigada, de novo! É verdade, sobre as tragédias e confusões; por isso me pergunto se não estou fugindo um pouco da realidade, nos meus textos…
Quanta sensibilidade! Sua mãe foi uma mulher sábia, e você parece seguir o mesmo caminho.
Obrigada! Minha mãe foi sábia mesmo! Sabedoria que veio da mãe dela, a saudosa vó Carolina, sobre quem pretendo escrever qualquer dia. Espero conseguir ser digna dessa herança…