Por: Zeneide Ribeiro de Santana
Fez dois anos que nossa amiga Doracy Murback partiu. Mas parece que ainda a vejo no Coral ou no banco costumeiro do templo, onde sentava-se quietinha, sempre com o rosto iluminado por um sorriso de simpatia.
A doença chegou sorrateiramente e foi tomando conta do seu corpo, levando-a a enfrentar com coragem, sem reclamações, cada etapa do sofrimento.
Tive a oportunidade de visitá-la algumas vezes, no hospital e no seu apartamento, testemunhando com tristeza o definhar do seu físico e, com admiração, o fortalecimento da sua fé. Numa das vezes, fui à casa dela com minha irmã Zenildes, numa tarde chuvosa e nos assustamos ao vê-la tão magra, já sem os cabelos, quase irreconhecível, não fosse o mesmo doce sorriso amável, que expressava gratidão pela nossa presença. Quando entramos, seu sobrinho-neto, um garoto de doze anos, tocava hinos no teclado. Ele parou, meio tímido, e nós pedimos que continuasse. Então cantamos juntas ” Grandioso és tu”.
Não consigo descrever a cena sem sentir de novo a emoção daquele momento: a chuva batendo forte na vidraça, o menino tocando compenetrado, a Doracy reclinada nos travesseiros do leito, pele transparente, quase na hora de tomar morfina de novo … e louvando a Deus!
Quando ela se foi, ouvimos vários testemunhos emocionados dos familiares sobre a sua generosidade. Ela ajudou muitas pessoas, não apenas financeiramente. Sua deficiência física nunca a impediu de estudar, trabalhar, dirigir, prestar serviço voluntário, participar assiduamente do Coral, que amava, e das demais atividades da igreja. Principalmente viveu para imitar Jesus Cristo, que veio para servir.
Quando ainda hoje a gente canta ” …então eu cantarei, então eu dançarei…” gosto de imaginar a Doracy, agora com as pernas restauradas, movimentando-se pelos jardins celestiais, onde devem chegar aqueles que “combateram o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé.”
Doracy, seu sorriso indefinível foi uma bênção. Você foi uma bênção!
As lágrimas quase me impediram de ler até o fim esse testemunho da minha querida irmã Doracy. Sentávamos juntas no coral e até hoje sinto o vazio da sua presença ao meu lado. Sei que hoje ela está cantando com os anjos no céu, onde um dia estaremos lado a lado novamente, glorificando nosso Deus.
Também creio nisso.
Zeneide, não pude conter as lágrimas ao ler essa crônica. Além de belíssima, demonstra o carinho que vocês tinham por ela. Sentimos muita saudade.Ela nos faz muita falta, mas temos a convicção de que a encontraremos na Glória. Obrigada pelo carinho. Denise Murbach Fasano
Obrigada, Denise. Imagino a falta que vocês devem sentir, mas também tranquilidade por tê-la ajudado tanto. Que Deus os abençoe.