Que coisa boa é ganhar presente, ainda mais quando fora de qualquer data comemorativa. Fico muito constrangida nessas ocasiões, talvez porque acredito muito no “mais bem-aventurado é dar do que receber”.
Há tempos, minhas colegas e eu estávamos no pátio, aguardando o sinal para organizarmos os alunos em fila, para entrar na sala de aula. Vimos uma menininha lá no portão, trazendo uma enorme flor de plástico cor de laranja fosforescente, quase maior que ela. Uma delas falou”Vejam aquilo! Quem será a infeliz que vai ganhar aquele absurdo?” A garota chegou sorrindo e quando viu essa nossa colega, correu para ela, abraçou-a, dizendo “Olhe, prô, trouxe um presente!” Ela agradeceu e nem olhou para nós, que procurávamos disfarçar o riso.
Uma outra amiga contou que ganhou no casamento uma xícara de porcelana toda decorada em relevo e um pires imenso, acoplado a um cinzeiro. Como não fumava, nem o marido, levou aquele “troféu”, como ela chamava, como prenda na festa junina. No dia dos professores, em outubro, ganhou vários presentes das crianças, entre os quais a bendita xícara que sua aluna recebeu como prêmio na barraca da argola. Bela pontaria!
Conheço alguém que ganhou no casamento um vaso de cristal de Murano, desses bem resistentes. Quando o marido viu o cartão, de um ex-admirador dela, fez o vaso voar na descida da rua, que não era asfaltada e estava molhada pela chuva da tarde. Acreditam que o vaso não se quebrou? A irmã dela foi recuperá-lo e lavou-o bem para presentear outra noiva…
Creio que todos têm um fato parecido para contar sobre esse assunto. Como eu, já confundiram o nome do aniversariante e levaram presente para o irmão dele? Ou fizeram um bolo com cobertura quando foram visitar uma pessoa diabética?
Porém, de todos os presentes que já recebemos ou ainda haveremos de receber, nenhum é melhor ou mais valioso do que este: a doação que Deus nos fez do seu único filho – aquele que personificou o amor, pagou nossa culpa e nos prepara um lugar no seu reino eterno.