Quando meus filhos eram pequenos, a Rose, uma jovem amiga, de Serra Negra, costumava brincar com eles, nos feriados ou fins de semana. É uma recreacionista nata. Eles gostavam dela, principalmente por seu bom humor e pelas brincadeiras radicais que inventava. Descer uma ladeira de terra “surfando” sobre uma enorme folha de coqueiro era uma delas.
Num domingo, ela almoçou conosco e, quando servi pavê de sobremesa, ela disse:
– Sabe, em Lindoia, aqui perto, tem um homem que, quando come doce, faz assim!
E começou a raspar o pratinho, até limpá-lo completamente.
-Vocês não acham feio isso? Pois é o que ele faz, sempre!
As crianças entenderam a piada e fizeram o mesmo:
– Assim, Rose?
Desde então, em casa, o tal homem de Lindoia passou a simbolizar comportamentos socialmente inaceitáveis. Por exemplo:
– cutucar o nariz, coçar-se ou espreguiçar-se em público;
– “tesourar” conversas;
– entrar em casa com os sapatos sujos;
– deixar de agradecer;
– deixar de usar as palavras mágicas: “com licença”, “por favor”,” desculpe”…
– ir dormir sem tomar banho;
– sair sem avisar aonde vai;
– deixar de retornar ligações ou responder mensagens e e-mails;
– não desligar o celular na igreja ou nas solenidades;
– xingar no trânsito e em outras situações também;
– deixar de devolver livros ou outros objetos emprestados;
– jogar lixo na rua…
Creio que todos têm várias coisas a acrescentar à lista. E, certamente já nos comportamos como o homem de Lindoia muitas vezes. Ou não?
A propósito, lembrei-me de uma citação, da qual desconheço o autor:
“Ética é o que você faz quando está todo mundo olhando. O que você faz quando ninguém está olhando chama-se caráter… coisa que falta a muita gente.”
Aiaiai!