Cotidiano Lições

À procura da delicadeza perdida

Written by Zeneide

 

 

Costumamos associar “aspereza” com textura. Paredes, tecidos, superfícies ásperas em geral produzem sensações desagradáveis ao tato. E palavras ásperas, então?!

Não há como discordar que aspereza no trato é antônimo de delicadeza, gentileza, boa educação.

Nestes dias, presenciei duas cenas bem tristes. Numa delas, uma senhora ordenou que a irmã mais velha  “ficasse sentada ali até ela voltar”, num tom tão áspero e autoritário que chamou a atenção das pessoas em volta. A senhorinha, na sala de espera do laboratório, obedeceu, quieta, sem olhar para os lados. Tinha o ar cansado das pessoas doentes e desesperançadas.

Pior foi a filha, empurrando a cadeira de rodas da mãe e falando alto, quase gritando:

– O quê? Quer comer, mãe? Você não pensa em outra coisa?  Por isso está gorda desse jeito! Não tem vergonha?

E dirigindo-se a nós, que também esperávamos o elevador, continuou:

– Ela não parece uma bola? Qualquer dia não precisa mais de elevador, pode ir rolando pelas escadas!

Procurou cumplicidade, rindo de novo, mas ninguém a acompanhou… Olhávamos para a pobre senhora de cabeça baixa, que se encolhia diante da maldade da filha insensível. Vergonha alheia!

Fiquei imaginando essa mulher, no passado, cuidando do seu bebê, dando a papinha na boca da filhinha com tanto amor… E agora recebendo em troca toda essa carga de aspereza!

Como é possível? Onde foi parar a delicadeza, mesmo aparente, na presença de estranhos?

Dizem que 10% dos conflitos são causados pela diferença de opinião e 90% são devidos ao tom de voz errado. Claro que sempre haverá divergência nos relacionamentos. Por isso, é preciso aprender a controlar a emoção para conseguir ter o tom de voz adequado e conseguir se sair bem nessas situações.

Dizem que para se formar um hábito leva algum tempo. Se quisermos aprender a tomar café sem açúcar, precisamos adoçar cada vez menos e, depois de uns dias nos acostumamos ao gosto do café amargo. Não quero experimentar isso com o meu precioso café, mas acho que não seria mau fazer esse treinamento para ser mais gentil no trato com as pessoas…

 

A recomendação divina aplica-se aqui também: tratar os outros como gostaríamos de ser tratados… gentil e delicadamente, sempre!

 

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

4 Comments

  • Zeneide: você está certíssima! O tom da voz, os gestos e as expressões corporais falam muito e trazem o que há em nossos corações… Obrigada por desvendar tão bem
    As nossas almas!!!

    • À medida que observamos e nos entristecemos com o comportamento alheio, temos a chance de refletir e melhorar, não é mesmo? Obrigada. Abraço.