Ouvi de uma amiga uma história que ela viveu e recorda com emoção.
Quando ela era jovem, teve um problema renal bem grave, que exigiu a retirada da glândula supra-renal. Foi um procedimento sério, que precisou de um longo período de internação. Mas, aconteceu o impensável: por um erro absurdo, foi retirada a outra glândula, a sã, e isso só foi descoberto depois. Resultado: teve de se submeter a outra cirurgia, agora para a remoção do nódulo da outra glândula. Tudo isso deixou minha amiga muito triste, naturalmente, e revoltada com a situação.
Um dia, nervosa, começou a chorar silenciosamente. Ela conta que, uma menina de oito a nove anos que havia sido internada há pouco, no mesmo quarto, perguntou por que ela estava chorando. Explicou que estava com problemas de saúde e teria de fazer outra cirurgia. A garota não pareceu se impressionar muito e lhe perguntou:
– Você já fez xixi?
– Sim, claro! – respondeu.
E continuou perguntando:
– Já foi à praia? Entrou no mar? Já jogou bola, subiu em árvores?
Ai ela falou que tinha nascido sem a bexiga e carregava uma bolsinha – bexiga artificial – que a impedia de viver normalmente, como as outras crianças. Não sabia o que era urinar e sofria com a reação dos colegas e até de adultos que se incomodavam com o seu mau cheiro… Teria que suportar aquilo até os 18 anos, quando parasse de crescer e sua bexiga pudesse ser reconstruída…
À medida em que ouvia a garota, minha amiga parou de chorar. De repente, percebeu como o problema de tanta gente era pior do que o seu. Aquilo mexeu com ela a tal ponto que mudou completamente seu modo de pensar.
Enfrentou a nova cirurgia e outras adversidades pela vida afora com a mente renovada. Acredita, ainda hoje que os planos de Deus são insondáveis e, pelos rumos que sua vida tomou, tem a certeza de que nunca esteve sozinha, pois sempre foi direcionada pela misericórdia divina.
Surpreendentemente, ficou sabendo, não faz muito tempo, que aquela menina foi operada depois dos dezoito anos e ficou muito bem, com sua bexiga nova!
Ouvindo isso, entendi melhor que, realmente, “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.” (Romanos 8:28)