Hoje não se fala mais em remendar roupas – coisa do passado, quando era comum ver donas de casa preocupadas em cerzir meias e refazer costuras nas roupas da família. Não sei se isso ficou fora de moda por absoluta falta de tempo ou porque tudo agora é meio descartável. Talvez pelos dois motivos. Agora “customizar” é mais chique.
Outro dia minha filha apareceu com uma blusa com a manga semidestruída por um grande rasgo, pedindo que a consertasse. Não queria que cortasse a manga, para não tirar o charme da peça. Realmente era um belo tecido, de seda clara, com borboletinhas coloridas, muito fofa. Foi um super desafio, que enfrentei bravamente. Coloquei um pedaço de meia de seda por baixo e fui costurando com os menores pontos que consegui, por entre a malha toda desfiada do pano. Por ser estampada, até que deu para “enganar” bem. Quem olha de longe não percebe bem os remendos. Mas ela e eu sabemos que eles estão lá! E agora, vocês também!
Sobre o assunto, Jesus observa que “não se deve remendar pano velho com pano novo”, referindo-se à novidade de vida daquele que aceita seus ensinamentos. Na verdade, Ele não remenda, mas restaura completamente, pois seu tecido é novo, sem emendas nem costuras. “Assim que se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Cor. 5:17)
O grande escritor mineiro, Guimarães Rosa, escreveu que “viver é questão de rasgar-se e remendar-se”. De fato, várias circunstâncias nos levam ao desgaste, não apenas físico, mas emocional, principalmente. E, sozinhos, não conseguiremos recuperar o tecido fragilizado da nossa vida conturbada. Precisamos da ajuda do Restaurador, aquele que levanta os abatidos, dá descanso aos fatigados e alivia a carga dos sobrecarregados.
Que Ele nos ajude a nos refazer, a nos reinventar, a atualizar a vida e os pensamentos, a usar a criatividade para ações diferenciadas que proporcionem alegria e paz de espírito a nós mesmos e aos que nós amamos.