Contei muitas vezes, no início do ano, a parábola do escritor francês Charles Péguy (1873-1914). É mais ou menos assim:
Uma pessoa perguntou a um pedreiro que trabalhava numa construção: “O que você está fazendo?” De mau humor, ele respondeu: “Estou quebrando pedras, não está vendo?” Mais adiante fez a mesma pergunta a um outro operário, que fazia o mesmo trabalho e este disse que estava ganhando o pão de cada dia, para sustentar a família. Mas um terceiro trabalhador, que também arrebentava pedras, quando questionado, afirmou,orgulhoso: “Estou construindo uma catedral!”
Acho suntuosa a palavra catedral. Remete à grandiosidade, tanto na forma física do edifício como na finalidade a que se destina: cultos, sacramentos, atos solenes de fé…
Com essa história, procurava motivar meus alunos para os estudos e para as atitudes que tomariam no decorrer da vida, na postura que deveriam ter diante das constantes escolhas com que todos nos defrontamos. A maioria age como os dois pedreiros, que encaravam a tarefa como algo enfadonho, cansativo e obrigatório. Entretanto, o terceiro tinha um foco: participava de algo grandioso, sentia-se parte integrante de uma realidade maior, considerava o trabalho algo importante não apenas para si mesmo.
Então lhes dizia que não pretendia que se apaixonassem perdidamente pela Literatura, mas que olhassem com simpatia para os autores, clássicos ou contemporâneos, que apresentam sua visão de mundo, antenados com a realidade e o momento histórico. Precisavam ler, conhecer, analisar , comparar, criticar…
Não sei quantos alunos foram atingidos por esse discurso, quantos estão hoje trabalhando prazerosamente; talvez muitos estejam apenas quebrando pedras ou procurando ganhar seu sustento. Mas creio que alguns estejam construindo catedrais, sim! E, se for verdade, ficarei feliz por ter colaborado, por ter contribuído para isso. Sentirei alegria porque, de alguma forma, também terei ajudado a construir uma catedral.
Zeneide,
Quanta sabedoria há nesta crônica! Queremos trabalhar, mas muitas vezes nos queixamos, quando só deveríamos agradecer. Há muitos que gostariam de ter um trabalho…lembro-me das orientações da Bíblia; tudo o que vier às suas mãos fazei-o diligentemente…
…e também para a glória de Deus… Creio que podemos tentar agir assim sempre, até depois da aposentadoria. Obrigada, mais uma vez, pelo comentário. Beijo.
Faço parte do peque grupo que hoje constrói sua catedral particular!!! Obrigada por me ajudar a ser um ser humano melhor!!!
Maria Claudia Pavin
Saber isso me deixa profundamente feliz! É o melhor pagamento que um professor pode receber. Muito sucesso nessa construção. Beijo.
Que linda catedral vc tem construído com as palavras …
Obrigada! E você, então, com todo o tempo que tem dedicado à educação?! E às outras áreas também… Beijo.
Participei de um curso do Tribunal de Justiça de São Paulo e o Presidente do TJ sabiamente mencionou essa crônica!! Sábio e motivador!
A história das pedras é bem conhecida. Acho que ele deve ter lida em outro lugar. Mas, valeu! Obrigada. Beijo