As lembranças que o Facebook sempre traz despertam nossas emoções, até as que pareciam estar bem controladas.
Hoje trouxe esta, de quatro anos atrás:
“Enfermeira: Sr. Gilberto, tem pressão alta?
– Tenho, mas está controlada..
– O senhor tem diabetes?
– Não.
– E problema no coração?
– Tenho.
– Tem mesmo? Qual?
– É que eu gosto muito dessa velhinha aí.
Preciso acrescentar que a velhinha aqui ficou sem saber se ria ou chorava?”
As lembranças continuam vívidas em mim, nos meus filhos e alguns familiares, como é comum quando um ser querido vai embora. Outro dia ri sozinha quando me recordei de quando estava tirando a carteira de habilitação e me preparava, com muito medo, para dirigir meu Fusca cor de vinho:
– Gil, o que eu faço se, por acaso, tiver um acidente?
E ele, sério, com toda a calma:
– Bem, primeiro você tenta sair das ferragens…
Uma vez, quando me auto recriminava por algo que tinha dado errado:
– Ah, que burrice fui fazer!!!
E o comentário, em cima:
– Você sabe que não costumo desmentir ninguém!
Diante da minha cara de poucos amigos, logo tentou consertar:
– Brincadeira! Não foi burrice, Zê, foi distração!
Tantas lembranças! A surpresa de ganhar a coleção completa de Machado de Assis como presente de aniversário… Os três vasinhos de flores: para mim, para a minha mãe e para a Cíntia, ainda pequena, no Dia da Mulher… E a vez em que ele chegou de Serra Negra, pouco antes da meia noite, com três dúzias de rosas vermelhas, no dia em que completamos 36 anos de casamento?!
Mas, uma das coisas mais bonitas, que mais me sensibilizaram, foi quando lhe disse uma frase de alguém comentado que estar sempre com a mesma mulher era como reler o mesmo livro – muito sem graça! Ele nem pensou muito e disse :“Não quando a mulher é você, uma enciclopédia, e a gente sempre descobre e aprende alguma coisa nova…”
Esse era o Gilberto…
Sou grata por essas memórias, que superam as que não são tão boas, e conseguem suavizar as asperezas da caminhada…
