Issa, poeta japonês (1763-1827), escreveu o poema:
Por chegar a esta idade
todos me invejam.
Mas que frio eu sinto!
A minha velhice é invejada
mas o frio que sinto
ninguém o sente!
Na verdade, os idosos parecem sentir mais o frio que as demais pessoas. Lembro-me da minha avó Tila, sempre muito bem agasalhada, com meias e mangas compridas. Mesmo no verão, era prevenida: não saía sem levar alguma blusa de lã. Vai que…
É possível, no entanto, que o frio a que se refere o poeta japonês seja também metafórico. Em alguns casos, de seres humanos inteligentes, criativos, produtivos, idosos passam a representar apenas o incômodo que se deve suportar, por obrigação. É o frio na alma provocado pela gelidez com que são tratados… Triste demais!
Pedi, certa vez, que meus alunos pequenos escrevessem as frases que mais costumavam ouvir em casa. A campeã absoluta foi a das mães: “Leve o agasalho!” Talvez por isso, Paulo Franchetti tenha se expressado assim:
Manhã de frio
Com o agasalho visto
Saudades da minha mãe.
Não me dou bem com a friagem e, para ser sincera, nem aprecio filmes que se ambientam na neve ou nas montanhas geladas. Gosto mesmo é do sol, daquele calor que incomoda muita gente. Bem por isso, encanta-me a expressão Sol da Justica, do profeta Malaquias – referência ao nosso Deus : “Mas para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justica, e cura trará nas suas asas…”
Que seja esse o sol que possa curar nossas feridas e aquecer nossa vida de tal forma que seu calor se transmita a todos com quem nos relacionamos, especialmente os velhinhos friorentos.
E que esse aquecimento se espalhe pela nossa alma e extravase pelo nosso olhar, com o poder de expulsar toda a indiferença que costuma nos enregelar e nos impedir de compartilhar o calor humano, tão ausente nestes tempos de frieza e de insensibilidade. Que assim Deus nos abençoe!
Muito linda e oportuna esta crônica!
Estou em Sampa tremendo de frio… calculo o frio que você e a Tia Neusa estão “curtindo” aí em Serra Negra neste sábado “cheio de frio”, como dizem nossos patricios portugueses!
Deus que abençoe por nos brindar com mais esta linda mensagem.
Bjs.
Obrigada, Katia querida!
O frio daqui da Serra não é tão ruim, pois temos sol desde cedo e o Sol da Justiça também nos aquece, felizmente! Por isso, as “velhinhas indefesas” estão cheias de energia. Saudade. Beijo.
Linda crônica, parabéns por ser está escritora… de belas palavras.. bjs
Obrigada pela gentileza do seu comentário! Beijo.
Deus é o Sol da Justiça que nos aquece com o seu amor.Sou como Você Zeneide,gosto do calor que aquece o nosso coração, Deus te abençoe por nós presentear com Crônicas tão lindas.Abs