Por: Zeneide Ribeiro de Santana
“Favor aguardar sua vez ” – aviso pregado na porta da sala de curativos do Posto de Saúde. Mas, nem todos os pacientes são tão pacientes; há reclamações, quase sempre.
A espera – uma das contingências da vida – é algo difícil, especialmente nestes tempos modernos, em que tudo acontece, se transforma e se renova com extrema rapidez. Não fomos treinados para esperar e poucos têm a calma necessária para isso. Nem sempre a impaciência se justifica. Por exemplo, certa vez, em viagem de férias, fiquei irritada com a moleza de uma vendedora que demorou séculos para embrulhar umas lembrancinhas. Foi a ocasião de me avaliar, para perceber até que ponto estava precisando me desacelerar. Estava com pressa por quê?
Não seria a impaciência sinal claro de egoísmo? Se não suportamos filas, se não sabemos aguardar, talvez seja porque pretendemos ter a primazia nos atendimentos. Queremos ser sempre os primeiros. E os outros? Seriam menores suas necessidades?
Entretanto, há situações em que a espera é realmente angustiante. Quem já passou o dia inteiro aguardando um familiar sair do centro cirúrgico sabe bem do que estou falando. Que dizer da espera da resposta de uma entrevista de emprego ou da lista de aprovados do vestibular? Entendem do assunto as mulheres que anseiam pela chegada dos filhos ou do marido que demoram … E pelo final de uma guerra, então?
Quando oramos nos momentos de dificuldades também precisamos nos acalmar diante de Deus, agradecer muito, pedir sua paz que excede todo o entendimento, para que ele mesmo nos capacite a esperar sua resposta. É certo que responde: sim, não ou espere. Nesse último caso, devemos nos firmar na promessa de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, inclusive a espera pelo tempo dele ( Kairós).
Que possamos nos exercitar nessa esperança, que o autor de Hebreus considera como “a âncora da alma.”