Receitas

Difícil alguém não ter uma receita preferida, doce ou salgada, sua especialidade. Há pessoas que adoram colecioná-las, anotam com detalhes,  afirmando que irão prepará-las na primeira oportunidade, o que nem sempre acontece. Cansei de passar os ingredientes e o modo de preparo de um pé-de-moleque bem bonzinho que sei fazer. Uma colega disse que misturou tudo direitinho, mas virou uma meleca que as crianças saborearam às colheradas; outra veio reclamando que precisou refazer uma restauração num dente que quebrou mordendo o tal pé-de-moleque  pra lá de duro… Será que fizeram direitinho mesmo?

É verdade que há casos em que é impossível obter o mesmo resultado. Não consigo, por mais que tente, fazer o viradinho de feijão que minha mãe fazia tão bem. Claro que não tenho panela de ferro nem fogão a lenha…. Nenhuma das minhas cunhadas sabe preparar o pavê delicioso, de massa folhada, da minha sogra, dona Teresa. Casquinha de siri, só a Marlene; bolo de brigadeiro, só a Diva; rosca de Natal, só a Zeni mesmo. E por aí vai; todos devem ter lembranças semelhantes, de cores e sabores inesquecíveis.

Hoje é muito fácil resgatar receitas antigas ou conferir novidades, pela Internet, com um ou dois cliques. O “Tudo Gostoso” que o diga. Basta ter os ingredientes à mão e disposição para utilizá-los bem.

Ah, se fosse assim tão fácil encontrar receitas para educar filhos, lidar com  alunos, chefes ou subordinados! Carecemos de manual de instrução para os relacionamentos em geral, para praticar a arte da convivência.

Felizmente temos a Bíblia, nossa regra de fé e prática, com indicações, conselhos, diretrizes e advertências para tudo. Porém, agimos como aqueles colecionadores de receitas: anotamos, guardamos com cuidado, mas não colocamos nada em prática. Que, pelo menos estejamos atentos aos dois mandamentos que resumem todos os outros: “Ame o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças. Ame os outros como você ama a si mesmo.”