Aprendi e ensinei a cumprimentar pessoas. Desde pequenos, meus filhos acenavam para os vizinhos quando saíamos de manhã. Havia uma senhorinha, que todos os dias varria a calçada e descansava a vassoura, esperando nosso cumprimento, com um largo sorriso.
Mas confesso que tinha dificuldade em saudar pessoas desconhecidas, em puxar conversa em filas ou em transportes públicos. Numa época, quando ia para o trabalho, passava em frente a uma casa onde, infalivelmente, estava um velhinho sentado no terraço. Magro, cabelos branquinhos, já bem idoso. Várias vezes fiz menção de cumprimentá-lo, mas me sentia inibida e passava sem me virar para ele.
Um dia percebi que ele não estava lá; na verdade, na semana toda não o vi nenhuma vez. Então pensei:”Ele morreu! E eu que nunca falei com ele! Fui adiando e agora não terei mais essa oportunidade…” O tempo passou e sempre me lembrava dele com frustração, por não ter conseguido vencer aquela inibição boba. Até que um dia o vi lá no seu cantinho e sorri, aliviada. Disse-lhe:
– Boa tarde! Tudo bem?
Todo simpático, respondeu:
– Estou bem, sim, professora! (Ele me conhecia!)
Tinha chegado de viagem, pois passara uns tempos na casa do filho, no interior. Estava corado e parecia mais saudável.
Aquilo me ensinou a não adiar as oportunidades, em várias circunstâncias da vida. Um simples cumprimento pode não representar muito, mas é uma atenção que não custa nada e pode alegrar o dia de uma pessoa, solitária ou não. Não nos sentimos bem quando somos lembrados?
Uma amiga me contou que, no encerramento de uma aula, à noite, convidou a classe para cantar “Parabéns” para um aluno aniversariante. Havia descoberto por acaso seu aniversário, enquanto distribuía as carteirinhas… O menino chorou, emocionado, e disse que era a primeira vez, nos seus quinze anos de vida, que cantaram para ele…
Um cumprimento pode ser o passo inicial para um novo relacionamento, uma boa chance para compartilhar o que temos de mais precioso: o amor de Cristo, aquele que, ressurreto, saudou seus discípulos dizendo “Shallon!” (Paz, saúde e prosperidade).
Ze, Eu particularmente gosto de cumprimentar as pessoas mesmo não as conhecendo, que não deixemos passar as oportunidades e assim mostrar o amor de Cristo em nós. A Paz, abs.
Querida professora, amiga e vizinha Zeneide.
Puxa vida que lindo, você sempre foi a nossa inspiradora para aliviar nossa alma, paixão pelo ensino, amor pelos livros, pela poesia, nos deixava com a impressão que o mundo não é o bastante. Lendo sua crônica me fez lembrar de tudo isso e ver que Deus é maravilhoso sempre coloca pessoas como você para que possamos ver um mundo melhor. Um grande beijo. Tânia.
Muito obrigada pela gentileza das suas palavras! Prazer enorme em ler o
comentário de uma ex-aluna como você, que conserva a sensibilidade nestes tempos de tanta frieza…Tenho boas lembranças da sua turma, pois também aprendi muito com meus alunos. “Mestre é aquele que de repente aprende”- escreveu Guimarães Rosa. Deus abençoe sua vida e a da sua linda família,Tânia!
Beijo.
Sei disso, Marly! Essa é uma qualidade essencial, não só para os diáconos, mas para todo cristão.E o que é melhor: você sempre cumprimenta com seu belo sorriso. Paz, também. Beijo.
Você tem toda razão! Nada pior do que nao sermos vistos! Quando eu digo, olá , como vai? Estou vendo o outro e lhe dando importância!
Exatamente! Ver e “Importar-se” com o outro – é o ponto…Beijo.