Bagagem é palavra que se associa a viagem (até rima!), numa conotação de aventura, mudança, novidade… Por outro lado, pode ser associada a peso, dificuldade, necessidade de ajuda.
Preparar a bagagem traz prazer, mas preocupa, pois é necessário obter informações sobre o destino, a previsão do tempo, o período de afastamento, o peso das malas, o meio de transporte… e também atender aos palpites dos amigos e às recomendações maternas, tão previsíveis!
Considerando a vida uma viagem, é impressionante a quantidade de bagagem que acumulamos em nossa trajetória! Não nos contentamos com o essencial, mas nos abarrotamos dos supérfluos, colecionamos acessórios perfeitamente dispensáveis, movidos, muitas vezes, por uma competição desenfreada, marca destes tempos de consumismo insano.
Claro que a bagagem é necessária! Gostei muito de uma frase do escritor moçambicano Mia Couto, no livro “Terra Sonâmbula”: “Quem não tem amigos é que viaja sem bagagem.”
Refleti, então, naquilo que ando carregando ao longo da vida, na necessidade de reciclar, de descartar excesso de peso, de selecionar prioridades.
A propósito, lembrei–me de uma história que ouvi há tempos: um carroceiro ofereceu carona a um homem que carregava um enorme saco às costas, numa estrada poeirenta, cheia de pedregulhos. O homem agradeceu e subiu na carroça. Mas, quando o carroceiro olhou para trás, viu-o transpirando, ainda com o saco às costas. Aconselhou-o, então, a deixar o peso no chão da carroça.
Será que não fazemos o mesmo, de vez em quando? Já ouvimos e sabemos de cor o convite do Mestre:”Vinde a mim os que estão cansados e sobrecarregados… o meu fardo é leve…” Mas insistimos em carregar sozinhos nossa bagagem tão pesada. Quem sabe se retirando dela inutilidades, negativismos, ressentimentos e mágoas que tanto maltratam nossa alma, conseguiríamos espaço para preencher com perdão, amizade, solidariedade?Assim, a caminhada se tornaria bem mais leve e prazerosa. E se aceitarmos o auxílio do Mestre, melhor ainda!