Cotidiano

Cri, cri, cri…

grilo 

Desde muito jovem, conheço este poema do Gioia Júnior.

Nosso tio, Levi Diniz Vieira, vivo em nossa memória, costumava declamá-lo na igreja e nas reuniões de família. Transcrevo-o com saudade, do poema e do tio querido:
 
 
O GRILO
 
Numa noite clara, de lua redonda
Como um queijo branco no prato do céu
Do meio do mato uma voz ouvi
Que falava sempre:
Cri, cri, cri,cri,cri…Estava sozinho, sem nenhum amigo
Com quem conversasse, então decidi:
Com o grilo alegre vou travar conversa
Ei grilo, não temas que eu não sou de briga
Creste no que eu disse?
E o grilo do escuro respondeu na hora, como se entendesse:
Cri, cri, cri, cri…

Fiquei muito alegre!
Ele me entendia e me respondia com satisfação
Pus-me a contar fatos que o deixaram quieto
Prestando atenção

Uma vez, amigo, veio ao mundo um homem
Muito meigo e puro, libertando a todos, saciando pobres
Homem tão bondoso como igual não vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo como se entendesse:
Cri, cri, cri, cri…

Pois o tal profeta (ele era profeta) dedicado e amigo
Recebeu dos homens o pior castigo que já conheci
Numa cruz pesada foi crucificado
Suas mãos sangraram rasgadas, feridas
Sua fronte clara foi lavada em sangue
Padeceu torturas como nunca vi
Creste no que eu disse?
Respondeu-me o grilo como se entendesse:
Cri… cri… cri… cri…

Mas, um dia, um belo dia de domingo
Esse homem puro que nenhum pecado no mundo provou
Rompeu as barreiras da morte gelada
E ressuscitou!
Seu corpo na pedra do frio sepulcro
Ninguém mais achou
Bom… Já se faz tarde. Vou dormir amigo
Mas… Ó? Companheiro? Tu creste de fato no que eu disse aqui?
Respondeu-me o grilo, como se entendesse:
CRI! CRI! CRI! CRI! CRI!

 
 
 

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

2 Comments

  • Realmente esta poesia é sinônimo de muitas lembranças… muitas recordações… D eus que abençoe pelo carinho que vc demonstra ao deixar gravado em seu blog essa menção honrosa ao seu querido tio, meu pai!
    Com carinho, Katia

    • Não dá para esquecer o tom emocionado dele ao declamar. Vinha do fundo da alma, pela convicção da verdade que transmitia. Belo exemplo de fidelidade e de serviço ao reino de Deus, que passou para a família também. Obrigada pela gentileza do seu comentário, prima. Beijo.