Dizem que, geralmente, começamos a vida com ganhos: amigos, estudos, diplomas, emprego, casamento, filhos, promoções… Com o tempo, algo se inverte e chegam as perdas: amigos que se mudam, parentes que falecem, filhos que se casam e se distanciam, saúde que enfraquece, a vida que declina, enfim…
Ninguém gosta de perder, a não ser que sejam uns quilinhos…
Gosto da parábola da Dracma perdida, cuja temática é bem conhecida por todos nós que perdemos alguma coisa de vez em quando: a inquietação, o desespero, a busca desenfreada, o alívio pelo encontro. Interessante a ideia de celebração daquela mulher, que organizou uma reunião com as vizinhas para compartilhar sua alegria por ter achado a moeda. Realmente, recuperar o que se perdeu é motivo para celebrar e agradecer, sempre, pois muitas perdas são definitivas.
Podemos reencontrar objetos, dinheiro, saúde e outras coisas também. Tempo, não! Nunca mais viveremos este dia, este momento…
Camões, num famoso soneto, escreveu que o Amor é um sentimento “tão contrário a si” e o define como: “um cuidar que se ganha em se perder”.
E, às vezes, as perdas são até necessárias para que algo novo se instale, proporcionando alegria e bem-estar. Palavras do Mestre: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto.” ( João 12:24) Assim como a semente tem de morrer para frutificar, podemos deliberadamente abandonar aquilo que nos impede de crescer e ter uma vida plena.
“Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” (Mateus 16 : 25).
Difícil interpretação! Pode até parecer loucura, mas não para os que aceitam Jesus pela fé. Entendo que perder aqui está empregado no sentido de não priorizar o supérfluo, mas de valorizar o eterno, de alcançar a intimidade com Deus para desfrutar sua maravilhosa paz.
