Cansaço

Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, iniciou um poema com esta estrofe:

O que há em mim é sobretudo cansaço —

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.

Como o poeta, também nos confessamos cansados, frequentemente. Fisicamente nos cansamos depois de grande esforço, de exercícios puxados, horas de trabalho extenuante, longas viagens… Daí a vontade de parar, de dormir, de tirar férias, de se aposentar.

Sentimos também exaustão mental, emocional, produzida por situações angustiantes, por doenças complicadas, por problemas de relacionamento. Será que é a isso que se refere o mesmo poeta neste outro texto?

Não, não é Cansaço… Não, não é cansaço…
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo… 

Quem já não falou ou ouviu : “Cansei de pedir/ de insistir/ de procurar/ de perdoar/ de aconselhar/ de rezar… e até de viver”?

É bem triste  e deprimente o final da música “Ninguém me ama”, de Antônio Maria:

E hoje descrente de tudo me resta o cansaço
Cansaço da vida, cansaço de mim
Velhice chegando e eu chegando ao fim.

Mas não precisamos ser descrentes de tudo. Basta aceitar o convite de Jesus Cristo, aquele que é especialista em aliviar dores, em curar feridas, em restaurar vidas: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”  (Mateus 11:28-29)

Descansar em Deus nada mais é do que deixá-lo atuar em nossa vida. É deixar aos pés da cruz as preocupações, os sentimentos e toda a ansiedade. É permitir que ele cuide de nós ao seu modo, no seu tempo.

“Descansa, ó alma, eis o Senhor ao lado…” Que bênção!