Cicatrizes

Difícil encontrar alguém sem cicatrizes. As de vacina são as mais comuns. Garotos travessos colecionam cicatrizes e são capazes de contar histórias incríveis, da infância ou da adolescência, a partir delas. Tive um aluno de quinta série que, quase todo dia, chegava à escola com um machucado novo.

Há algumas terríveis, resultado de acidentes, quedas, cirurgias, queimaduras ou mesmo de arma de fogo.  Na verdade, cada cicatriz representa a comprovação de que houve cura. É marca de superação, de sobrevivência, como dizem.

Sei que, como eu, vocês têm boas histórias sobre essas marcas no corpo.

O apóstolo Paulo também colecionou cicatrizes, consequência de sofrimentos, prisões, açoites, além de tantos outros maus-tratos. Perseguidor dos cristãos, depois do seu encontro com Jesus Cristo na estrada de Damasco, teve uma guinada tão violenta em sua vida, que provou na carne o que lhe havia sido profetizado, por intermédio de Ananias, convocado para ajudá-lo:

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.” (Atos 9: 15-16)

De fato, há registros de que ele sofreu inúmeras prisões, vários açoites, apedrejamento, naufrágios, perseguições, perigo de morte… a ponto de declarar:

“Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” 

Não nessa proporção, é fato, também passamos por episódios dolorosos, totalmente  inesperados, que nos desestruturam e nos deixam atordoados, sem perspectiva. Com fé, entregando ao Senhor esses problemas, pela sua misericórdia, conseguimos superá-los. Que essas cicatrizes na alma nos tornem mais agradecidos e nos levem ao reconhecimento de que fomos vitoriosos porque Deus nos fortaleceu. Que sejam as marcas de um vencedor, daquelas que só um bom guerreiro pode ostentar.