Sempre fui apaixonada por bolhas de sabão. Acho-as fascinantes, especiais, maravilhosas… Efêmeras também, mas talvez nisso resida parte do seu encanto: no curto tempo de duração, brilham, refletem todas as cores, alegram, sensibilizam. Fazem valer sua existência.
Por ser uma diversão artesanal, de baixo custo, é acessível a todos. Lembro-me das vezes sem conta em que brinquei soprando canudinhos de folha de mamão mergulhados numa caneca com água e espuma. Sozinha ou com os primos, passava horas nessa atividade sadia, vendo a beleza se elevar, acompanhando seu bailado e lamentando quando se desmanchavam repentinamente.
Pela vida afora presenteei muitas crianças com aqueles tubinhos made in China. Quase sempre produziam alegria, mais ainda quando as mães também entravam na algazarra, deixando que molhassem as roupas e o chão.
Nesta época do ano, quando muita gente está enfeitando árvores para o Natal, as bolas coloridas ficam em evidência. Incrível o número de opções de cores, tamanhos e materiais exóticos. Criatividade e originalidade à solta… Então, pego-me imaginando uma árvore toda decorada com…bolhas de sabão!
“Bobeira!” – dirão. Mas na árvore da minha imaginação, as bolhas, lindas como todas, são resistentes e não se rompem com facilidade. Guardam o reflexo do rostinho sorridente das crianças, a beleza dos jovens, a satisfação dos adultos e dos velhinhos que, num passe de mágica, revisitam, por um momento, a infância distante. Mais ainda: têm poder contagiante : quem olha para elas incorpora sentimentos de amor ao próximo, de solidariedade, de desejo de compartilhar alegria.
E quando menos perceberem, estarão vivenciando esse modo de sentir, independente das bolhas que irão se desfazendo, silenciosamente, uma a uma. Tudo, então, termina com o fortalecimento do espírito de Natal: o amor chegando em forma de bebezinho que nasceu humilde, cresceu, ensinou, serviu e morreu na cruz…
Morreu como a bolha de sabão?! Não, de jeito nenhum! Ele ressuscitou e está vivo, disponibilizando vida e paz a todos que o aceitarem.
