Solidão

“Solidão é uma ilha com saudade de barco”   (Adriana Falcão)

“Tinha tanto medo da solidão que nem espantava as moscas.” (Mia Couto)

Muitos idosos, vivendo em família numerosa, sentem-se alienados, num mundo que não entendem. Mesmo quando ouvem bem, a língua lhes é estranha. Tecnologia demais para quem viveu numa outra realidade! Como não se sentir só, esquecido, inútil?

Há a solidão da criança cujos pais são tão envolvidos pelos compromissos profissionais ou sociais, que se refugiam no mundo virtual. Outras fogem da companhia de pais opressores…

Jovem sente solidão?  Muitos pesquisam e aprendem sozinhos, pois têm acesso a um número incalculável de informações, mas sem o calor humano, sem a troca, sem ninguém para compartilhar o prazer da descoberta. Outros vivem suas inquietações, seus medos, seus sonhos sem relacionamento algum na própria família.

E a solidão dos casais, antes tão necessitados da companhia um do outro, mas que agora, mesmo juntos no mesmo ambiente, se isolam, sem tempo ou, talvez, vontade de fazer confidências ou planos? Com a ausência total de cumplicidade, preferem “deixar rolar”.

Sem falar nos que sofrem bulling, nos discriminados, nos desabrigados, nos encarcerados, nos rejeitados, nos maltratados ou perseguidos…

“Mas, eu gosto da solidão!”– dirão alguns. De fato, é bom estar só. Eventualmente necessitamos desse isolamento, desse encontro com nós mesmos. Saudável até. Porém seria uma solidão momentânea, pontual. Fomos feitos para o relacionamento, para a convivência, tão difícil, às vezes. “Não é bom que o homem esteja só” – disse o Senhor ao lhe providenciar companhia.

 Que Deus nos abençoe como seres sociais, que nos dê sabedoria para respeitar o sentir e o pensar alheios. Que “Noite de Paz” não seja apenas uma canção que emociona no Natal, mas que em todos os nossos dias possamos desfrutar a verdadeira paz, aquela que “excede todo o entendimento”.