Cotidiano

Barreiras

barreira

 

A viagem segue tranquila na estrada quase vazia. Inacreditável o tráfego fluir assim tão facilmente. Mas, logo começa a se complicar e não demora para se formar uma longa fila. Agora, devagar, os carros se movimentam até chegar ao motivo da lentidão: a queda de uma barreira que estreita perigosamente a pista.

Comuns também são as barreiras causadas por obras nas rodovias, que só permitem uma mão de direção, o que obriga a espera e atrasa passeios e compromissos. Se for blitz policial, além do tempo que se perde, há ainda a inquietação imediata: “Será que estou com todos os documentos? Será que estão em ordem?”

Enfim, barreira se associa a algo externo, imprevisto que produz desaceleração obrigatória, pausa e atraso, além de provocar mudança de planos. Não é raro também se descobrir, mais tarde, que aquela parada foi providencial, um verdadeiro livramento…

Mas, a gente mesma pode construir ou ampliar obstáculos no próprio caminho. Acontece quando, por ambição, orgulho ou sensibilidade exacerbada, interrompemos uma amizade, um relacionamento, um casamento, até. Não é raro, nesses casos, comprovar que a ruptura foi provocada pelo egoísmo, incompreensão ou teimosia de uma das partes ( ou das duas!)

Entretanto, o transtorno não precisa determinar o final da caminhada. Pode significar apenas um intervalo – dolorido, certamente. É o tempo da reflexão, da autoavaliação, do restabelecimento de prioridades. Barreiras não devem ser usadas como desculpas, mas podem ser transpostas, contornadas, desfeitas também. Como nas estradas, de vez em quando uma alternativa é transitar algum tempo por uma via provisória, precária mesmo, com cuidado, mas que vai permitir, na frente, a retomada da viagem, agora com alívio e ânimo redobrado.

Que neste nosso tempo, marcado por essa barreira inexplicável que chegou e se instalou inesperadamente para todos, em forma de pandemia, possamos  nos desviar de obstáculos, ou  então, destruí-los, para que nossa caminhada possa ser mais livre, mais leve também.                  Que minha oração, por você e por mim, seja a mesma do salmista:               “Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas”, pois “Ao homem que teme ao Senhor, ele instruirá no caminho que deve escolher.” (Salmo 25) Amém.

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.