Adoção

Li numa placa: “Adote uma rodovia”. Adotar uma rodovia? Pareceu-me estranho, pois não pensei que havia tantas rodovias órfãs…

Frases incentivando a adotar atletas, crianças carentes em zona de guerra, animais em campanhas desse tipo são comuns. Apelam para a sensibilidade, procurando comover as pessoas.

Fico pensando em quanta gente precisa ser “adotada” por alguém… A necessidade de aceitação, o desejo de ser compreendido, a carência afetiva são frequentes em qualquer classe social. Podemos ter todo o alimento que pudermos ingerir, matar completamente a sede, dormir até não aguentar mais, enfim, nossas necessidades físicas podem ser plenamente satisfeitas. Mas, nunca nos sentiremos totalmente amados, pois nossas  necessidades afetivas nunca se completam. Queremos sempre mais carinho, mais atenção, mais amor.

Talvez porque poucos pensem nas carências afetivas alheias, uma multidão de órfãos emocionais vive infeliz. O pior é que, nos lares, onde a proximidade é maior e o relacionamento deveria ser embasado no amor, no cuidado, também se encontram crianças, jovens, adultos e idosos abandonados pelos próprios familiares.

Diante disso, proponho uma campanha:

– Pais, adotem seus filhos!

– Filhos, adotem seus pais, especialmente os velhinhos!

– Professores, adotem seus alunos!

– Pastores, adotem suas ovelhas!

– Adotemos nosso próximo! (Para todos nós)

Pode parecer pieguice ou sentimentalismo, mas trata-se de cumprir o segundo grande mandamento “Amar o próximo como a si mesmo“. Afinal, somos ou não filhos adotivos do Altíssimo?

Entendo adoção como aceitação, acolhimento, compaixão e também suporte para o crescimento do outro. Também creio firmemente que quem adota é ainda mais abençoado do que o adotado, pois concordo em que “Mais bem aventurado é dar do que receber”.