Gaveta da bagunça

Você tem uma gaveta da bagunça? Não? Então, você deve ser exceção. Pensando bem, será que você é normal? Brincadeira, está de parabéns!

Por experiência própria, acho que muitos têm um lugar onde guardam coisas para arrumar depois. No meu caso, é uma gaveta grande, no armário. Para lá se dirigem objetos variados: caneta, tesoura, bijuteria, envelopes, convites de casamento, amostras grátis de perfume, bolsinha para maquiagem, comprimidos, colírios, lenços descartáveis e por aí vai…

Para quem gosta de manter tudo organizado, é um pesadelo saber da existência daquela mixórdia (palavra que meu saudoso pai Vicente gostava de usar). Ainda bem que posso fechá-la e fazer de conta que está em ordem…

Um belo dia (nem sempre, pode ser um dia chuvoso mesmo!) disponho-me a arrumá-la. Pego um saco para lixo, pois sei que irei descartar muita coisa. Dito e feito! Por que guardei essa caixinha? E essa fita toda amassada? Chicletes vencidos, grampos enferrujados… Aiaiai, número de telefone que eu mesma anotei e não sei de quem é! Vidro de esmalte seco, brinco sem par, parafuso esquisito (de onde será?) Ah! Aqui estão minhas lixas novas, ainda embrulhadas…

E pouco a pouco, todo aquele lixo está descartado. Aquilo que é útil está separado para ser guardado no devido lugar. A gaveta, limpa e forrada, está novamente disponível. E o melhor de tudo: a sensação de paz –  tão boa de sentir! Parece que o mundo todo se reorganizou de repente.

Por que não fazer o mesmo na tumultuada gaveta das emoções? Qual a razão para acumular sentimentos negativos, temores, tantas preocupações e maus pressentimentos? E as mágoas, a amargura que vai criando raízes, o desalento, a decepção?

Não há melhor ocasião para jogar tudo fora, desocupar o lugar para algo mais belo, mais proveitoso: “…tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”( Filipenses 4:8)