OUVIR ESTRELAS
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
(Poesias, Via-Láctea, 1888 – Olavo Bilac)
O céu fala. A gente entende. (Portal do Climatempo)
Bilac refere-se poeticamente à arte de ouvir e de entender estrelas, que só pode ser praticada se houver amor. Entretanto, a frase do Climatempo refere-se à arte de captar os sinais das mudanças climáticas para realizar previsões meticulosas.
Já o salmista afirma que “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Na verdade, a natureza fala, anuncia, sinaliza e há pessoas que se especializam no processo de desvendá-la. Sabemos que o amor do Pai se revela na sua criação e na sua Palavra. E precisamos estar atentos para entender os sinais que nos são revelados pela fé. Tal como acontece na Parábola do Semeador, com aquele que ouve a Palavra e a entende: produzirá muitos frutos.
Pelo meu modo de ver, é muito difícil não perceber a beleza que parece brotar em cada canto e inundar olhos e até corações mais empedernidos. Como não se sensibilizar pelo menos esteticamente e não refletir sobre a absurda criatividade do Artista?
O céu fala, sim, e seu discurso traz encantamento, gratidão e advertência. Mas, será que a gente tem conseguido entender seus recados?