Cotidiano

Sustos

susto

Por: Zeneide Ribeiro de Santana

As “pegadinhas” constantes dos programas de TV estão aí para mostrar como as pessoas gostam de ver os outros se assustando. Quem já sabe da armação se diverte com gosto, mas quem toma o susto nem sempre leva na esportiva.

Uma vez, no Brás, procurando uma loja, dirigi-me a uma senhora que olhava as vitrines. Toquei de leve no ombro dela e ela soltou um grito apavorado, ao mesmo tempo em que agarrou com força a bolsa contra o peito. Claro que também me assustei e tratei de acalmá-la, dizendo que só queria uma informação.

Em outra ocasião, fui com uma colega visitar alguém num bairro de São Bernardo, à noitinha.  Como não achávamos a rua, ela parou o carro bem devagar, perto de um rapaz que lavava o carro ao som de uma música barulhenta. Ele se assustou tanto que soltou a mangueira rodopiando pela calçada e se molhou todo. Pedimos desculpas e ele nos mostrou a rua. Acabamos todos rindo juntos.

Esta semana vi uma moça andando apressada e, quando parou no ponto de ônibus, teve os olhos tampados pelas mãos de outra jovem, que se aproximara sorrateiramente. Primeiro, ela gritou e depois deu um tapa na outra, chorando e rindo ao mesmo tempo. Foi bom vê-las se abraçando em seguida.

Um dos piores sustos de que me lembro foi o da querida vó Júlia. Seu marido, Sr. Jatir, tinha uma alfaiataria na parte da frente da casa. Num domingo, quando chegavam da igreja, viram fumaça saindo pelas janelas e encontraram os vizinhos acabando de apagar o fogo que começara na loja. D. Júlia ficou nervosíssima, quando viu um homem esticado no sofá, com as roupas queimadas:

– É o Gerson! Meu Deus, o Gerson morreu?!

Seu filho Gerson e todos os outros começaram a rir e lhe mostraram que era apenas o manequim agora inutilizado.

Ufa! O melhor de tudo é quando descobrimos que aquilo não era verdade. É como acordar de um pesadelo!

Interessante a frase do Padre Fábio de Melo: “Acho que a felicidade é uma espécie de susto; quando você vê, já aconteceu. Ela é justamente uma construção pequena de todos os dias.”

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.