Orai por nós!

 

LADAINHA

Por que o coração,

os músculos, os ossos?

A automação, ócio dourado.

O cérebro eletrônico, o músculo

mecânico

mais fáceis que um sorriso.

Por que o coração?
O de metal não tornará o homem
mais cordial,
dando-lhe um ritmo extra-
corporal?

Por que levantar o braço
para colher o fruto?
A máquina o fará por nós.
Por que labutar no campo, na cidade?
A máquina o fará por nós.
Por que pensar, imaginar?
A máquina o fará por nós.
Por que fazer um poema?
A máquina o fará por nós.
Por que subir a escada de Jacó?
A máquina o fará por nós.

Ó máquina, orai por nós.

 

Esse poema, dos anos 60, já traz a tecnologia como tema. Parece que Cassiano Ricardo foi o primeiro poeta a se referir ao computador (cérebro eletrônico) e prever um futuro mais ocioso, previsão essa que não se cumpriu.

Interessante perceber que a máquina é apresentada como facilitadora da vida em muitas áreas: física (colher o fruto), emocional (coração de metal), intelectual (pensar, imaginar), artística (fazer um poema), religiosa (subir a escada de Jacó), até a ironia final, quando é comparada à divindade: “Ó máquina, orai por nós!”

 

As novas gerações não conseguem imaginar a vida sem celular, tablets, computador e toda a parafernália eletrônica a que se habituaram desde sempre. Como falar em sabão feito em casa, em café torrado no fogão a lenha, em conversas familiares ao pé  do fogo, nas noites de inverno às crianças de hoje?

 

Mesmo no plano religioso, quanta inovação! Cultos e missas nos megatemplos, transmitidos pela TV, sem falar nos trabalhos de umbanda e comércio de amuletos pela internet!!

 

Diante de tudo isso, bate uma saudade infinita da simplicidade… Ovelhas, lírios do campo, aves do céu, perdão de pecados, amor ao próximo eram expressões frequentes na linguagem do Mestre.

 

Não! Não precisamos de máquinas para elevar nossos pensamento ao Pai, que tudo sabe, tudo pode e está em toda parte. Basta invocar sinceramente o único mediador entre Deus e os homens:

 

– Jesus Cristo, orai por nós!