“Se a visão de um colchão com pulgas provoca coceira alheia e um acidente de trânsito gera dor alheia, natural que testemunhar uma situação embaraçosa cause a famosa vergonha alheia. Por trás dessas sensações solidárias estão as estrelas da neurologia contemporânea: os neurônios-espelho. Essas células são especialistas em copiar: simulam no nosso cérebro o que está acontecendo com outra pessoa. E isso vale para movimentos e emoções. Foi o que mostrou uma pesquisa do Institut de Neurosciences Physiologiques et Cognitives de la Mediterranée, na França, que escaneou o cérebro de voluntários enquanto sentiam um odor desagradável e enquanto apenas assistiam a um vídeo de outras pessoas sentindo nojo. Em ambas as situações, as áreas ativadas no cérebro foram as mesmas. O resultado é que, ao ver alguém experimentando uma emoção, nossa tendência é simular em nós mesmos o mesmo medo, tesão, alegria e, claro, a mesma vergonha. Isso vale inclusive para aquelas vezes em que aquela que consideramos a vítima não está nem aí, mas você está. “É como se nosso cérebro, ao identificar uma situação desafiadora, nos desse uma provinha para degustação”, diz Renata Pereira Lima, pesquisadora do Laboratório de Neurociência e Comportamento da USP. Ou seja, se você vê alguém pagando mico em um reality show e sente vergonha alheia, é seu inconsciente avisando: “não é pra você”. Por: Vanessa Vieira – Revista Superinteressante (abril/2011)
Também sinto vergonha alheia, sempre que tomo conhecimento de escândalos financeiros, corrupção em todos os níveis, crimes de toda espécie, incluindo pedofilia, maus tratos a crianças e idosos… a lista vai longe! Isso tudo me causa um mal-estar sem tamanho, que me faz sofrer, principalmente pelo fato de não poder fazer algo a respeito.
Então, pergunto-me como pode alguém produzir um mal tão grande e depois sorrir, conversar, confraternizar-se, chegar em casa, beijar os filhos e dormir tranquilamente? Será que nem uma pontinha de culpa perturba o infrator?
Ah, a antiga recomendação do apóstolo Paulo, sempre atual: “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (II Tim. 2:15) Minha oração é para que não precise me envergonhar tanto por mim mesma. Basta a terrível vergonha alheia!