Quando tudo parece ruir e vem aquela vontade de desaparecer, a reação das pessoas varia muito: algumas esbravejam, falam palavrões, outras choram sem parar, outras se calam ou ficam abobalhadas e há até quem se enfia na cama e consegue dormir horas seguidas. Cigarro, bebida, drogas, soníferos são largamente utilizados pelos angustiados. Sem sucesso, por sinal.
A menina Aurora, personagem do livro”A garota do Penhasco”, tinha seu lugar de refúgio, na hora da tristeza, que chamava de cantinho mágico, à beira de um grande rochedo.
Quem morou no interior, na zona rural ou nas cidades menores, onde as casas tinham quintais grandes, deve lembrar-se de alguns cantinhos mágicos: casas semi-destruídas, árvores enormes, frutíferas ou não, riachos, esconderijos secretos, bosques cheios de pitangas e gabirobas… Esses lugares, além de palcos de brincadeiras e aventuras, nos momentos difíceis podiam se transformar num refúgio temporário até que a dor passasse.
Desculpem, mas agora vem a frase saudosista: hoje está tudo mudado. Gasta-se tempo demais na Internet que, pelo jeito, tornou-se o cantinho mágico, e não só da nova geração. Relacionamentos se transformaram por causa dessa tecnologia que produz a sensação de proximidade com quem está distante e distancia os que estão próximos fisicamente. Muito estranho!
Compartilham-se fotos, mensagens, piadas, charges, poemas e até textos bíblicos, mas cada um parece se enclausurar no seu cantinho mágico curtindo uma solidão amarga…
Na Bíblia há referência a um lugar assim tão especial e acolhedor:“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do onipotente descansará.” (Salmo 91:1)
Para mim, descansar significa permanecer em paz, em segurança, agasalhado pela bênção do Pai. E, nessas condições, quem irá precisar de um cantinho mágico?