Andrei Balink
“Quando um está mal,
o outro deve estar bem.
Quando um está irritado,
o outro deve ser paciente.
Quando um está cansado,
o outro deve encontrar disposição.
Quando um adoece,
o outro deve mostrar saúde.
Quando um se envaidece de razão,
o outro deve ser humilde no cuidado.
No casal , as fraquezas não podem convergir .
Não podem ocorrer simultaneamente.
(…)
Quando os dois decidem ser a parte mais
fraca do relacionamento, os laços sucumbem.
Não podem ocupar o mesmo papel,
o mesmo script.
Só há vaga para um protagonista
em cada crise.
Alguém terá que ser coadjuvante.
Dois vilões no mesmo filme geram divórcio.
A alternância é o segredo da convivência.
Mudar de lugar sempre, analisar quem mais
precisa e ceder.
O que traz a estabilidade é a gangorra:
quando a mulher cai,
o homem estende o braço;
quando o homem vacila,
a mulher acode.
A separação acontece quando duas chagas
conversam procurando mostrar qual é
a mais funda.
É quando duas feridas travam
uma guerra buscando sangrar mais,
e nenhum dos lados estanca a própria carência. ( …)
Um tem que ser adulto na hora do pânico.
Um tem que ser responsável.
Um ter que ser forte o suficiente para
preservar as fraquezas do amor.”
Fabrício Carpinejar, poeta, cronista, jornalista e professor, nascido em 1972, na cidade de Caxias do Sul
(RS ) , Brasil in ” Me ajude a chorar ”
Transcrito do http://marisadomingosgiglio.blogspot.com.br/