Por: Zeneide Ribeiro de Santana
Heleninha, com pouco mais de um ano, está naquela fase linda de cantar as sílabas e gesticular graciosamente, muito graciosamente! Encantador o modo como aponta o dedinho na palma da mão pra gente cantar “Pintinho Amarelinho”, e se balança toda ao ritmo da música! E se cantamos”Palma, palma, palma / pé, pé, pé… mostra os pezinhos, sorrindo. Derrete o coração, não apenas dos avós babões.
Recordando algumas cantigas de roda que estão caindo no esquecimento, veio-me à mente :
“Ciranda, cirandinha / vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta/ volta e meia vamos dar…”
Sem me deter no anel de vidro que se quebrou, nem no amor que se acabou, o verso “vamos dar a meia volta” ficou martelando em mim como uma torneira incômoda.
Meia volta significa dar as costas para o que estava à frente. Girar 180 graus. Óbvio. Mas, quem gosta de dar meia volta? Quem precisa? Quem se obriga ou é obrigado a fazer isso? Parar e tomar o sentido contrário caracteriza mudança de opinião, talvez até reconhecimento de um erro.
Claro que existem as Gabrielas – “eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim.” Teimosas, orgulhosas, não dão o braço a torcer…
Entretanto, mudar de opinião, de direção, de atitude diante dos fatos da vida é sinal de amadurecimento, de relação saudável consigo mesmo, de humildade para recomeçar de outro jeito.“Não me envergonho de mudar de opinião, porque não me envergonho de pensar” – disse Blaise Pascal.
Para citar apenas um exemplo – e que exemplo! – Saulo de Tarso, o perseguidor convicto dos cristãos, que acreditava agir corretamente, a partir do encontro com Jesus Cristo no caminho de Damasco, mudou totalmente de rumo. Teve uma real conversão e até hoje é conhecido como Paulo, aquele que deu a meia volta e percorreu novos caminhos. É bom lembrar que essa mudança implicou trabalho árduo e muito sofrimento. Mas, conseguiu afirmar no final da vida: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.”
Creio que sempre é tempo de dar a meia volta, não importa o lugar nem a idade, seja para aderir às novidades do mundo moderno, seja para resgatar e valorizar as coisas boas do passado. Como as cantigas de roda, por exemplo…
Zeneide, parabéns para nós! Dia da
Avó!!!! Mas para nós esse dia é todo dia, quando acalentamos nossos netos, cantamos com eles, lemos para eles, brincamos e damos meia volta para nos tornamos mais simples como eles são. Somos agraciadas! Graças ao nosso bom Deus que permitiu essa meia volta!!!
Abracos
Obrigada, Marlene! Muita gratidão mesmo por ser avó! Para quem nem esperava mais ser mãe, ver os filhos dos filhos é bênção incomparável. Que tenhamos condições de desfrutar esses presentes do bom Deus. Abraço.