Queixar-se parece ser um termo meio antigo. Lembro-me da minha avó falando:”Ela se queixa à toa” ou ” Sabe se queixar de dor, mas não procura o médico”.
Hoje fala-se mais em reclamação ou reivindicação. Murmuração já é mais usada no contexto bíblico.
De qualquer forma, antiga ou não, a queixa esteve e está presente, sempre que houver insatisfação, seja na família, no trabalho ou nos relacionamentos em geral. Difícil não se ouvir ou falar: “Não tenho tempo pra nada!” ou “Como esquentou! ou “Não aguento este frio!” ou “Meu cabelo está arrepiado/ muito liso/descolorido/embranquecido demais/escorrido/armado…”
Queixas sobre o comportamento alheio são recorrentes:
– “Não esperava ser tratado assim, depois de tudo que fiz…”
– “É muito folgado; só sabe se aproveitar dos outros!”
– “Ela me humilhou com aquele comentário! Só agora vi que não tem consideração por mim!”
– “Só tem gente desonesta neste país!”
Algumas queixas envolvem julgamento das ações do próximo, outras denotam egoísmo e, muitas vezes, sentimento de auto-vitimização, quando se tem necessidade de culpar os outros.
Muito interessante a palavra do profeta Jeremias sobre o assunto: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.”
Fazer uma boa reflexão sobre aquilo que perturba, preocupa, aflige ou angustia, talvez seja o caminho para diminuir ou, quem sabe, extinguir o hábito de reclamar tanto. Até que ponto nós mesmos estamos contribuindo para nossa própria insatisfação?
O salmista parece ter encontrado a fórmula:“Com a minha voz clamei ao SENHOR; com a minha voz supliquei ao SENHOR. Derramei a minha queixa perante a sua face; expus-lhe a minha angústia.” (Salmo 142:1)
Creio que não há receita melhor que esta: derramar-se perante o único que pode acolher, perdoar, restaurar e nos dar condições para uma vida espiritualmente saudável. Que assim o SENHOR nos ajude!