Das quatro estações do ano, creio que o inverno é a menos apreciada. Pelo menos, por mim. Sei que muitos preferem os dias frios, o céu nublado, com geada ou até neve. Eu, não! Paisagens com montanhas geladas ambientadas nos polos, no Alasca, nos Andes os nos Alpes, apesar de exibirem inegável beleza, me causam arrepios só de me imaginar num lugar daqueles.
No Brasil, felizmente, o inverno tem sido suave e às vezes as temperaturas se igualam às do verão. Na verdade, é um período difícil para muita gente sem moradia ou as mínimas condições de sobrevivência. Além disso, o clima é propício para enfermidades do aparelho respiratório de crianças e idosos, que também se ressentem da friagem que maltrata os ossos.
Melancolia e depressão se acentuam nos dias cinzentos e frios do inverno, a exemplo do que acontecia com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. E deve acontecer com muita gente que sonha com o calor das praias do Nordeste.
Enquanto a juventude é comparada à primavera da vida, o outono da existência é meio caminho andado para a velhice com o que o inverno combina perfeitamente…
“Quero que você me aqueça neste inverno e que tudo o mais vá pro inferno”... Quem não ouviu ou cantou esses versos de Roberto Carlos, em plena ditadura militar, sem nem pensar na alienação do seu conteúdo?
“Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti…” – cantava Tim Maia, na romântica canção ” É Primavera”. E quem não quer uma boa companhia nos dias mais gelados?
Recentemente li esta citação do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996):
“Plantas mais antigas, suponho, são sabidonas, mesmo que saibam apenas o básico: que o inverno passa.”
Sou planta antiga e, embora não me considere sabidona, aprendi o básico: o inverno passa, graças a Deus e, depois dele, sentimos a alegria de usufruir as belezas da primavera.
