Em 1875, Cecil B. Hartley mencionava em seu “Guia de um Cavalheiro de Etiqueta”, um conjunto de códigos que ainda são válidos, apesar de que, ainda hoje negligenciamos muitos deles.
Podemos resumir nestes 10 pontos:
1. Apesar de estar convencido de que o outro está totalmente errado, em vez de argumentar é aconselhável mudar habilmente de conversa. É absurdo pretender que os outros concordem com você.
2. Nunca interrompa ou antecipe a história do interlocutor. Saber ouvir é a regra de ouro do bom conversador.
3. Evite fazer cara de cansaço durante o discurso da outra pessoa, assim como se distrair com outra coisa enquanto está falando. Hartley mencionava como entretenimento “olhar o relógio, ler uma carta ou folhear um livro”. O equivalente atual seria o hábito irritante de olhar o celular.
4. A modéstia vai evitar muitas antipatias. Não se deve ficar exibindo conhecimentos, méritos ou posses para fazer com que os outros se sintam em desvantagem.
5. Não é necessário falar de si mesmo, a menos que seja perguntado. Os interlocutores vão ficar sabendo sobre suas virtudes sem necessidade de ficar contando.
6. A brevidade criativa é sempre mais eficaz que os discursos longos ou as histórias chatas.
7. Criticar ou comparar umas pessoas com outras, além de atacar alguém ausente, pode parecer divertido, mas vai acabar causando uma má impressão.
8. Nunca se deve apontar ou corrigir os erros na linguagem dos outros, mesmo que sejam estrangeiros, já que vão se sentir humilhados pela observação.
9. Não se deve oferecer assistência ou aconselhamento a menos que o conselho seja pedido expressamente.
10. O elogio excessivo cria desconfiança, porque o interlocutor pode pensar que você tem intenções ocultas.
No final, a essência do bom diálogo é a nossa capacidade de nos entregarmos ao intercâmbio com o outro, como se fosse uma coreografia. Os participantes fazem suas ideias dançarem juntas, se encontrarem e se separarem –para expandir seu horizonte de opiniões– e voltam a se unir para criar novos significados.
É por isso que depois de uma conversa profunda nos sentimos transformados. Terminamos alimentados por novas ideias e submetemos nossa visão a uma abordagem diferente que expande nossa compreensão sobre o mundo e sobre nós mesmos.
Já que é um dos poucos prazeres que não exige outro investimento além do tempo, vale a pena recuperar esta velha arte para que possamos voltar a nos sentir humanos.
Se o tempo gasto em enviar ou responder centenas de mensagens fosse dedicado a compartilhar nosso universo com pessoas que possam enriquecê-lo, viveríamos com uma “largura de banda” maior e poderíamos enfrentar os problemas que a vida trouxesse de forma mais inteligente e serena.
Por FRANCESC MIRALLES
Fonte: El País
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