Numa das curvas da estrada que liga Serra Negra a Amparo, num barranco de difícil acesso picharam a frase “Amo você, porcaria“, em letras colossais.
Quando a vi, achei engraçado; depois meu pensamento começou a viajar também. Quem teria escrito aquilo e qual teria sido a causa da declaração-desabafo? Confissão de um paradoxo existencial? Admiração e amor andam juntos – dizem… Amamos as pessoas que admiramos. Será mesmo?
Então, no fundo da memória revi uma cena que me fez sorrir pelo mesmo motivo. Uma senhora, zangada com o marido caminhoneiro, ao se despedir, no momento em que ele partia para uma viagem, disse-lhe: “Deus te acompanhe!” – e em voz baixa: “Seu cachorro sem-vergonha!”
Claro que nos relacionamentos existem conflitos, desavenças e mal-entendidos. Geralmente, são nuvens passageiras que logo de desfazem e tudo volta a ficar bem. Mas, quando o caso é sério, a ofensa grave e o desrespeito intolerável, fica difícil a reconciliação. Mas não impossível!
“É preciso aprender a amar as pessoas que menos merecem, pois são as que mais precisam” – foi a frase que postei outro dia, por ter mexido comigo.
Aí me veio à mente o episódio de quando Jesus sentou-se à mesa de Zaqueu, o cobrador de impostos, e foi censurado por confraternizar-se com pecadores. E a resposta do Mestre “Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes”.
E quem não se enquadra no grupo dos pecadores? Somos imperfeitos, com tendência ao erro, ao egocentrismo, à omissão. Entretanto, Deus nos ama mesmo assim: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.“ (João 3:16)
Essa certeza do amor de Deus, apesar de nós, faz toda a diferença. E, seguramente, não ouviremos dele a frase-título deste texto, pois somos considerados seus filhos e temos a promessa de perdão e companhia em nossas vidas, seja qual for a circunstãncia.
