Cotidiano Destaque

Até mais!

Written by Zeneide

Conhecemo-nos num curso para professores, num Colégio em Santo André. Era hora do intervalo e eu estava no segundo pavimento, debruçada numa mureta que dava para o pátio. Olhei para baixo e prestei atenção no rapaz que me olhava gesticulando e falando algo. Sinalizei que não estava ouvindo e, então, ele falou:

– Cuidado para não cair! Mas, se cair, eu seguro você aqui!

E estendeu os braços. “Que moço atrevido e sem graça!” – pensei. Dirigi-me para a sala e, surpresa, o vi entrando, todo sorridente. Não imaginei que fosse da minha turma, pois o curso era para todas as escolas públicas do ABC. Sentou-se atrás de mim e, no meio da palestra, pediu minha caneta emprestada…

Assim, começamos a conversar e, no final da semana, fomos ao cinema. Daí veio o namoro de dois anos, o noivado e o casamento em Itapetininga. Longa jornada de quarenta e oito anos que terminou ontem, pela vontade de Deus. “Até que a morte os separe” – não é assim que deve ser?

Como em toda união, enfrentamos algumas dificuldades, lutamos, ganhamos e perdemos batalhas, mas a maioria dos nossos momentos foi de construção, realização de sonhos e de alegrias compartilhadas. Deus nos testou um bom tempo e depois nos presenteou com dois filhos lindos, diferentes no sexo, na aparência, no temperamento e nas aptidões. Foi como se nos dissesse: “Queriam filhos? Pois então experimentem um pouco de cada “modelo”!

Hoje posso agradecer as bênçãos, incontáveis, sobre nossa vidas. Sua companhia, seu humor, sua cumplicidade, sua habilidade criativa em construir, em dar um jeito naquilo que parecia não ter conserto, em facilitar a nossa vida de tantas maneiras… Claro que tinha defeitos, como eu e vocês, mas o saldo foi sempre positivo. Louvo a Deus pela chegada dos dois netos, que amenizaram a dureza da luta.

Durante a caminhada, senti sempre seus braços fortes me amparando e me passando segurança. Quando a enfermidade o debilitou, pude, com minha pequena força, ampará-lo também. E isso só foi possível com a ajuda de tantos “anjos” que se apresentaram generosamente em nosso auxílio.

Como não aprendi dizer adeus, digo “até mais”, Gil!

 

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

52 Comments

  • Não me lembro se tive algum contato com ele, quando criança. Quando reencontrei a Cíntia, nos aproximamos e eu pude conhecê-lo, nem que seja um pouquinho. Mesmo com a expressão séria, ele acabava sorrindo, mesmo de canto de boca, quando eu gargalhava das suas brincadeiras. Ele me aceitou em sua mesa, abriu sua casa, tanto em São Caetano como em Serra Negra, quando, no dia 27 de dezembro de 2013, eu e o Cesar resolvemos fazer uma surpresa pra Cí, chegamos na Rodoviária, por volta das 21:30, e ele estava lá, com o fiesta branco, nos esperando.
    Nos primeiros dias deste ano, ele ensinou o Cesar a jogar chacheta. E passamos todas as noites em que ficamos lá na Serra, jogando buraco. E ele já estava debilitado em sua saúde. Mas não tinha perdido o “tino” pra jogar e fazer companhia, principalmente pra instigar a competição hereditária de sua filha.
    Guardo em meu coração os momentos especiais que passei com ele, perto dele.
    Ainda bem que temos a esperança da eternidade.
    Dna. Zê, esta memória, mesmo sendo considerada póstuma, foi vivida e será sempre revivida, quando a dor da separação abra espaço apenas pra saudade intermitente, mas gostosa de sentit, pelo tempo vivido.
    Tenha em mim, também, suporte e amor pros dias em que o silêncio for ensurdecedor.
    Te amo, Dna. Zê.

  • Linda homenagem. Um dia se adeus quiser se reencontrarão????????????

  • Nossa Zeneide,me emocionei com a sua crônica! Qtas palavras lindas q vc disse em relação ao Gilberto,filhos e netos! A gente percebe q são palavras tiradas do fundo do Coração! Q Deus continue te usando como instrumento vivo em Suas Mãos para nos falar palavras tão edificantes! Bjs e fica na paz de Deus e no consolo q só Ele pode dar!

    • Muito obrigada, Diva! Realmente é uma bênção poder sentir paz nos momentos difíceis. Grande abraço.

  • Fiquei emocionada Dona Zeneide! Uma linda história de amor, nunca termina, se eterniza. Guarde do Sr Gilberto as melhores lembranças. É isso que faz nossas vidas valer a pena.
    Fique em paz…viva em paz!

  • Amada!!
    Vc sempre nos presenteia com suas lindas crônicas… Até mesmo neste momento tão delicado e de dor vc consegue nos transmitir consolo!!
    Deus te abençoe!!
    Com carinho receba nosso afetuoso abraço! Bjs
    Katia e Irineu

  • Muito bonito, especialmente escrito numa hora difícil como esta. Mas, você tem razão, como disse, para aqueles que amamos não tem “Adeus”, somente “até mais”, no meio tempo, espero que possa encontrar o apoio necessário entre os muitos que lhe querem tão bem! Um abraço!

  • Linda demais!!! Suas palavras tocam a alma de um jeito muito especial…
    Bjus emocionados????

  • Texto maravilhoso. Meus sinceros sentimentos. Que Deus a abençoe sempre a a toda a sua família. Beijos, saudades.

  • Que lindo, tia! Mando um grande abraço e meus sentimentos, que Deus conforte vocês. Bjs de todos por aqui ????

  • Lindo, lindo….. Você é meu exemplo. ….. que o Senhor continue fortalecendo a vida de todos vocês. ….

  • transbordei.
    te amo Z . e sr. gibinha vai fazer muito gente sorrir por lá.
    até já.
    beijos um pedaço de bolo de maçã quentinho e baita abração.
    renata lobbo ( amiga da cín)

    • Como não me lembraria de você, menina?Muito obrigada pelo carinho. Podemos compartilhar o bolo de maçã, sim. Beijo, com carinho.

  • Zeneide, você sempre soube se expressar com muita facilidade e objetividade, que o diga o “UMPITINGA”, parabéns pela crônica, muito sincera e comovente. Um grande abraço.

  • Tia
    A palavra e um dom de Deus.Que bênção poder ler tão doces palavras.
    Você e para mim um exemplo de sabedoria que edificou um lar.
    Obrigada por compartilhar conosco esse smor que tudo suportou e superou.
    Amor que a aliança uniu e Deus abençou.
    Forte abraço!

  • Tia Zeneide, o que posso dizer é que você é uma mulher de um lindo testemunho e nos ensina o tempo todo com seu exemplo de vida e suas palavras! Que Deus te restaure e renove suas forças! Te amo tia! ????❤

  • Não me lembro se tive algum contato com ele, quando criança. Quando reencontrei a Cíntia, nos aproximamos e eu pude conhecê-lo, nem que seja um pouquinho. Mesmo com a expressão séria, ele acabava sorrindo, mesmo de canto de boca, quando eu gargalhava das suas brincadeiras. Ele me aceitou em sua mesa, abriu sua casa, tanto em São Caetano como em Serra Negra, quando, no dia 27 de dezembro de 2013, eu e o Cesar resolvemos fazer uma surpresa pra Cí, chegamos na Rodoviária, por volta das 21:30, e ele estava lá, com o fiesta branco, nos esperando.
    Nos primeiros dias deste ano, ele ensinou o Cesar a jogar chacheta. E passamos todas as noites em que ficamos lá na Serra, jogando buraco. E ele já estava debilitado em sua saúde. Mas não tinha perdido o “tino” pra jogar e fazer companhia, principalmente pra instigar a competição hereditária de sua filha.
    Guardo em meu coração os momentos especiais que passei com ele, perto dele.
    Ainda bem que temos a esperança da eternidade.
    Dna. Zê, esta memória, mesmo sendo considerada póstuma, foi vivida e será sempre revivida, quando a dor da separação abra espaço apenas pra saudade intermitente, mas gostosa de sentit, pelo tempo vivido.
    Tenha em mim, também, suporte e amor pros dias em que o silêncio for ensurdecedor.
    Te amo, Dna. Zê.

    • Muito agradeço suas palavras amigas e encorajadoras. Ele sempre recebeu com prazer os amigos dos nossos filhos. Realmente este é um tempo difícil para nós, mas estamos sendo confortados pelas orações e pelo carinho de amigos preciosos como você e o César. Grande beijo. Te amo também.

  • Como tudo o que você escreve, lindo demais, mas especialmente sutil e profunda essa crônica! Emocionante! Só você mesmo! Quero muito te encontrar! Beijos ENORMES e abraçosbemapaertados!

    • Muito obrigada, amiga querida!O tempo passou, mas não interferiu na nossa amizade. Tenho saudade e também gostaria de encontrá-la. Abraço apertado para você também.

  • Mesmo de longe acredito ter acompanhado seu relato, amei o modo narrativo totalmente verdadeiro e com certeza, de coração, que é assim que sempre te vi, me emocionei um pouco por causa do momento, mas fico feliz que tenha este controle sobre voce e como encara a situação, e que consiga superar e levar a vida adiante, com o apoio e o carinho de todos que a rodeiam..principalmente com os netinhos lindos que Deus te presenteou.( mesmo longe sempre esteve em nossos pensamentos) beijo , esteja bem e fique em paz.

    • Obrigada, cunhada. Não é a distância geográfica que separa o afeto da gente. Sempre senti, mesmo de longe, como você disse, seu interesse por nós. Prova disso foi a presença de todos os irmãos naquele nosso feliz aniversário. É esse carinho que nos ajuda a enfrentar a dor da despedida. Grande abraço.

  • Querida amiga,senti muito não poder estar ao teu lado neste momento difícil, mas vc sabe da admiração e carinho que eu e o Irineu sempre tivemos p/Gilberto, que mesmo em conversas rápidas após o culto sempre nos fazia rir com suas piadinhas inteligentes e jogos de palavras; creio não estar sendo fácil pra vc e ausência dele deve estar gritando em seu coração, mas tb sei da sua força e fé e estou certa de que vc trilhará um novo caminho agora tendo por companhia os filhos e netos maravilhosos,presentes de Deus pra sua vida, esteja bem e conte c/nossas orações e ombro amigo sempre, bjs no seu coração!

    • Oi, Mercedes! Muito obrigada pelo carinho e pela gentileza das suas palavras. Realmente nada está sendo fácil, mas Deus tem os’jeitos” de nos ajudar nesses momentos e os netos são mesmo bênçãos, presentes preciosos que levantam nosso ânimo. Agradeço também suas orações. Grande abraço.

  • Emocionante prima! Que Deus continue te dando todas as forcas necessárias! Bus Dri

  • Fessôra
    Fantástico texto! Ainda que a dor nos consuma pela ausência, há uma Força inimaginável que nos cura com um remédio chamado Esperança. Me orgulho de ter tido professores como você, como Teruko, como Lourdes, como Vilma… que me inspiraram a cada vez mais gostar da literatura. Professores que guardarei eternamente em minha história.
    Deus nos cubra sempre com Tua benção!

    • Obrigada, Celso! Realmente, a esperança tem poder curativo… Boa reflexão! Deus, que lhe deu sensibilidade, o abençoe em todos os seus dias. Abraço.