A menininha acorda de madrugada e, assim que abre os olhos, se apavora. Cadê a luzinha do abajur que sempre fica aceso na graduação mínima? Quer se levantar mas tropeça nos chinelos e cai, batendo a perna num brinquedo pontudo.
Chora de dor e de medo, pois não tem ideia do que está acontecendo. Nunca estivera envolta numa escuridão total, desesperadora. Ouve barulhos e vozes que a fazem estremecer e aumentam sua confusão. Quando percebe sombras se aproximando, grita de puro terror, tanto que não consegue ouvir quando alguém fala:
– Calma, filha! É o papai.
À medida que se aproxima, sussurra o nome da garotinha, que continua gritando, de olhos fechados. Quando toca nela, aí sim, ela solta um grito apavorante; mas. aos poucos, com os toques suaves dos pais, vai se acalmando, até que os soluços desaparecem.
Então tudo se esclarece. Ela fica sabendo que a energia elétrica acabara e que o celular do pai ficara carregando na sala. Como ele e a mãe demoraram a encontrar os fósforos, só naquele momento puderam socorrê-la.
Entre lágrimas e sorrisos, todos se abraçam e voltam para a cama mais aliviados, pois naquele instante a energia elétrica chega, acendendo, inclusive as luzes da árvore de Natal.
O pai demora muito a pegar no sono, pois na sua mente o acontecimento da noite se entrelaça com o significado do Natal.
Como foi impressionante a mudança do comportamento da sua pequena diante do pai, reconhecido pelo brilho da vela! E é isso que acontece na vida daquele que entra em contato com a luz, que é Jesus Cristo. Verdadeira e profunda transformação, passagem do medo para a confiança, do caos para a esperança, do desespero para a paz, da morte para a vida.
“O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma grande luz“.
O nascimento de Jesus Cristo – a luz do mundo, que veio à Terra para que pudéssemos conhecê-la e ser por ela impactados – esse é o sentido único do Natal. Será possível alguém preferir a escuridão?