Distraidamente, dirigia-me à lixeira do prédio, quando vi um rapaz apressado deixando, de qualquer jeito, uns sacos de lixo. Mal me cumprimentou. Quando percebi folhas verdes escapando de uma das sacolas, não resisti e fui examinar. Como havia suspeitado, era um vaso de nini-antúrios, descartado impiedosamente.
Claro que desembrulhei e o levei para casa. Havia umas cinco folhas quebradas e algumas amassadas, que fui arrumando devagar,como se fosse um guarda-chuva. Molhei a planta e deixei-a na sacada. Com cuidados e um pouco mais de terra, foi se recuperando aos poucos. Hoje está bonita, com novos brotos e duas flores se abrindo.
Quando olho para ela, não posso deixar de pensar em como foi providencial nosso encontro naquela manhã. Poderia não ter sido vista e teria o destino dos outros detritos: acabar triturada naquele caminhão barulhento…
Também passamos por situações semelhantes em algumas etapas da vida. Quando não acontece conosco, é provável que encontremos alguém sendo desprezado, mal cuidado, a ponto de ser jogado fora, real ou metaforicamente.
Se nós, tão pequenos e falhos, podemos nos compadecer de uma plantinha maltratada, como o Criador de todas as coisas, aquele que veste regiamente simples lírios do campo, não iria se condoer de um ser que sofre a rejeição?
E Deus chega na sua hora, a certa, para resgatar e restaurar vidas em situação de abandono. Basta submeter-se aos seus cuidados, ao seu poder curativo para que se faça a recuperação completa, do corpo e da alma.
Tal como a plantinha desprezada, ainda é possível levantar-se, florescer, se alegrar e alegrar a vida de muita gente. Graças a Deus.