Será possível viver entusiasmado? Talvez as crianças, incansáveis que são, se entusiasmem com mais facilidade e se encantem mais frequentemente.
Na verdade, mesmo adultos, quando apaixonados pelo trabalho que exercem, conseguem manter essa paixão e praticamente viver em função dela. Prova disso são os atletas, músicos e bailarinos que se dedicam por horas diárias de exercícios infindáveis para ter boa performance nas competições e apresentações. Carnavalescos também, mal acabam os desfiles, começam a se preparar para o próximo ano…
Claro que também há pessoas dedicadíssimas ao que fazem nas mais diferentes áreas de atividade, mas parece que a maioria faz seu trabalho por dever, por necessidade do ganha-pão ou para se ver logo livre de algo que considera desagradável.
Mas, perceberam como o entusiasmo é contagiante?
Outro dia, vi um vídeo de um publicitário famoso, já quase sexagenário, no momento em que voltava ao comando de uma agência de muito sucesso, que fundara há alguns anos. Fiquei impressionada com o discurso dele, extremamente motivador, e com a recepção que teve na sua chegada à agência. Verdadeiro endeusamento por parte daqueles numerosos funcionários que o aplaudiam no pavimento inferior. E ele parecia transpirar e transmitir entusiasmo em cada gesto e em cada palavra!
Também me despertam a atenção as torcidas, nas diversas modalidades de esporte, especialmente no futebol, aqui no Brasil. Quanto ânimo, esforço, emoção! Alguns são tão apaixonados que não medem sacrifícios para acompanhar seu time até fora do país. Muitos até adoecem nas decisões de campeonato, quando não infartam!
E os carnavalescos, então? Praticamente pagam para desfilar com suas caras fantasias, têm ensaios desgastantes e se sacrificam de várias formas para participar daquilo que consideram a motivação da sua vida. Numa entrevista, ouvi um desses homens que ficam debaixo do carro alegórico, empurrando-o, sem ver absolutamente nada da festa. “Vale a pena”! – disse. “Dou até a vida pela minha escola!”
As militâncias políticas também se empolgam e arrastam milhares de seguidores, nas manifestações pró ou contra alguma coisa. Alguns se empenham tanto em defender suas ideias que tomam caminhos radicais, contrários à democracia que dizem acatar. Daí as ofensas e as brigas que se espalham pelas redes sociais.
No meu modo de ver, todos os casos que citei são de pessoas movidas pela paixão. Enquanto o publicitário procurou motivar seus subordinados saudando orixás e invocando sua ajuda, as torcidas também têm seus ídolos entre jogadores e técnicos e os manifestantes, quase sempre se apegam a gurus ou a ideais políticos pelos quais chegam ao fanatismo.
Aí fico pensando… Por que nós, cristãos, não desenvolvemos um entusiasmo assim tão forte pelo que cremos? Por que não demonstramos essa paixão por Jesus Cristo, o enviado de Deus Pai? Por que não contagiamos aqueles que ainda desconhecem esse amor incomparável?
Se temos a convicção de que Ele é o Bom Pastor, aquele que cuida das suas ovelhas até quando passam pelo vale da sombra da morte, por que não compartilhamos o caminho, a verdade e a vida ao menos com o nosso círculo da relacionamentos?
Estamos assim tão acomodados, tão desobedientes achando que o “Ide!” não é conosco? Ou sabemos de tudo isso e “não estamos nem aí” por pura falta de entusiasmo?