Você me trocou pelo celular

Quanta gente poderia dizer essa frase a alguém bem próximo!

– O bebê que engasga e quase sufoca mastigando uma caixinha de papelão, ignorado pela mãe ocupada em conferir mensagens.

– O velhinho enfraquecido, mal seguro nas pernas, ignorado no metrô pela jovem que navega pelos sites de moda, sentada confortavelmente no lugar reservado aos idosos, sem nem olhar para os lados.

– A  menininha de um ano e pouco, vestida com roupas luxuosas, cuidada pela babá, ignorada pelo casal de pais (sim, os dois), cada um com um moderno aparelho nas mãos, enquanto todos, na sala de espera do pediatra, se incomodam com os gritos da criança que implora a atenção do pai e da mãe. E o gesto brusco para a babá afastar a filha!

– A avó que recebe a visita da família do filho com biscoitinhos que ela mesma assou e os vê acomodados no sofá com seus celulares a todo vapor. O filho esbanjou meia dúzia de palavras antes de sair para atender uma ligação importante, enquanto a nora diz que precisa atualizar seus e-mails. E lá fica a avozinha com a boca seca de vontade de conversar, assistindo à atividade febril daqueles dedos ágeis e às expressões de riso, de emoção no rosto dos netos queridos. E os biscoitinhos jazem intactos na bandeja paramentada pela toalhinha de crochê que ninguém viu… Visita pra quê?!

– A jovem esposa, ansiosa por contar ao marido o resultado positivo do teste de gravidez, espera pacientemente que ele largue o bendito aparelhinho. Mas ele não o desgruda, até que percebe que ele está jogando há quase uma hora, sem sequer perceber que ela está ao lado. Chora ao imaginar seu bebê sendo ignorado da mesma forma.

– E na igreja, depois de acompanhar a leitura da Bíblia online, alguns continuam com o celular ligado, trocando mensagens, pesquisando pra contestar o pregador ou postando fotos. Tudo isso sem ouvir sobre amor, adoração, imitação de Cristo.

Vamos refletir um pouco? Como era nossa vida antes do celular? Será que o estamos substituindo por algo ou mesmo por pessoas? Será preciso o próprio Deus nos dizer:

– Filho, você me trocou pelo celular?