Típica família patriarcal. Muitos filhos: a mais velha com 20 anos e o mais novo um bebê de poucos meses. O pai, alto, forte, bigodes caprichosamente aparados, porte autoritário. No lar, a disciplina era rígida e a obediência uma regra constante. E quem ousaria desobedecer? Só se não estivesse no seu juízo perfeito…
Como presbítero da igreja, o sr. Ulisses era exemplo de pontualidade e frequência aos cultos. E a família o acompanhava sempre. Pois foi numa ocasião especial, quando um pregador convidado veio fazer uma “série de conferências” como eram pomposamente chamadas as reuniões de cunho evangelístico, que se deu o fato que relato aqui.
Como de costume, a família entra pontualmente e toma seu lugar nas primeiras filas: os filhos alinhados lado a lado e os pais com a primogênita na fileira de trás, com o claro propósito de controlar o comportamento dos garotos.
O culto se inicia, seguindo a liturgia habitual: orações, cânticos pela congregação e hinos lindamente entoados pelo coral. Em seguida, o convidado toma a palavra e começa a falar do amor de Deus, da necessidade de arrependimento e de aceitar o sacrifício de Jesus Cristo para o perdão dos pecados.
O sermão continua e, em tom de voz convincente, o pregador parte para a conclusão, fazendo um apelo para que todos aceitem Jesus como Salvador. Ao som do órgão tocando o hino “Manso e suave Jesus está chamando”, pede para que fiquem de pé os que assim decidirem. Timidamente, alguns vão se levantando. Aí, o Luís Homero, o filho adolescente, sente um forte beliscão nas costas. Entende o recado e, num ato reflexo, põe-se em pé num pulo e aceita Jesus!
Mais tarde, numa reunião com os novos convertidos, o pastor pergunta o que sentiram na hora daquela importante decisão. Respondem falando da emoção, da paz e da alegria que sentiram. Não o Homero, que declara com a maior sinceridade:
– Senti um belo beliscão nas minhas costas!
Mas posso garantir que ele não se arrependeu daquela escolha e que até hoje serve a Deus como um cristão dedicado e fiel.