Andei vendo muitos filmes com tema de Natal estes dias. Também recebi e compartilhei vídeos com músicas e mensagens natalinas. Vi tantas propagandas e apelos publicitários, tantas receitas de pratos exóticos para as festas, que de repente comecei a sentir um certo fastio.
A cor vermelha, de que gosto, foi se tornando enjoativa, assim como as decorações muito elaboradas. Parece que pasteurizaram o Natal…
Filmes americanos, geralmente, focalizam o Papai Noel, a árvore e outras tradições, a troca de presentes, a ceia. Um e outro tratam de relacionamentos e a maioria bate na tecla do “espírito do Natal”, mais ou menos se referindo à solidariedade, comum nessa época. Sempre há cenas comoventes de reencontros, algumas de perdão e é comum acabar com todo mundo rindo, brindando ou cantando… Jesus? Quase nunca é sequer mencionado!
Hoje, pensando nisso, me bateu uma saudade imensa de outros Natais. Ah, Machado de Assis!
Soneto de Natal
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto… A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”
Claro que mudei! Mas nada me impede de sentir saudade e de relembrar tempos que já se foram.
Eram muito menores os recursos, mais pobres as celebrações, pouquíssimos os presentes, mas como era bom estarmos juntos em família, compartilhar com alegria aqueles momentos únicos. Mais importante ainda era saber por que existe o Natal, qual era o propósito de ensaiarmos músicas e dramatizações para apresentar na igreja. Cantar “Noite Feliz , “Nasce Jesus”, “Pinheirinhos, que alegria!”, “Surgem anjos proclamando”, Adeste Fidelis (sim, em latim!)… era algo que saía do profundo do nosso ser, com fé, gratidão e reverência.
Era a comemoração do verdadeiro Natal e Natal verdadeiro foi, é e sempre será Jesus!