Vendo a Bel e o Samuel comendo com bastante apetite, minha filha perguntou:
-Está gostosa essa sopa da vovó?
Samuel, pra não perder tempo, só balançou a cabeça, concordado. A Bel tomou mais uma colherada e disse:
-Está uma delícia! Mamãe, como a vovó consegue fazer uma comida tão boa? Ela é tão velhinha!
Pois é! Depois de me divertir com o comentário, fiquei pensando, como é meu hábito. Graças a Deus, posso pensar também, mesmo sendo velhinha! Rsrs…
Há muitas restrições para os idosos, claro, e quem tem juízo, já vai selecionando naturalmente o que pode ou não pode fazer. A maioria deles, acho, pois sempre há alguns arrojados (e teimosos) demais ou que se recusam a admitir que estão limitados.
Mas, há compensações e, basta estar atento e ter sensibilidade para percebê-las. Se os passos são mais lentos, maior é a oportunidades de observar o entorno, de prestar ateção nas pessoas, nos jardins, no crescimento das árvores…
Se não der mais para dirigir, é bom não parar de andar a pé, de se movimentar de acordo com as possibilidades, de interagir convenientemente com os outros…
Não há necessidade de desembarcar da vida só porque as pernas doem, os joelhos reclamam e os pés se recusam a sair do lugar. Sem dúvida, cada um aprende a conhecer seus limites e a ir até aonde pode. Não se trata de fazer sacrifícios, mas de não se entregar à estagnação.
Exercitar é preciso, e não apenas o corpo. Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode se conectar com o sagrado, elevar seu pensamento ao trono do Altíssimo e fortalecer a fé. A gratidão é uma boa forma de começar. No seu tempo de quietude, de solidão, às vezes, é muito bom saber que Alguém nos vê, nos ouve e se interessa por nós. E isso já é motivo para agradecer.
Quem sabe, então, algum netinho irá dizer, referindo-se a nós:
– Como pode? Fala com Deus a qualquer hora… mesmo sendo tão velhinho!