“Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor…” cantava Roberto Carlos, na década de 60.
Foi então que, no início do namoro, comecei a me corresponder com o Gilberto, quando passava férias na casa dos meus pais, em Itapetininga. As cartas chegavam a demorar até cinco dias para percorrer uma distância de 160km. Imaginem, então, como era antes, na época em que mensageiros levavam correspondências montados em cavalos ou quando eram transportadas por navios e barcos… Essas mensagens eram recebidas com emoção, curiosidade, preocupação e surpresa, às vezes. Produziam lágrimas de saudade, alívio pelas boas notícias e tristeza pelas ocorrências dolorosas.
Meio século depois, venho adiando a hora de me desfazer das folhas amareladas dessa correspondência que marcou um tempo distante, recheado de sonhos e de esperança. Estão ainda todas numa caixa, cuidadosamente enumeradas.
Hoje, cartas estão fora de moda, pois a comunicação é instantânea. Tanto declarações de amor, como transações comerciais e até demissões podem ser feitos pelos celulares, em tempo real.
Mas, a essência e o real significado da palavra ainda são vívidos e pertinentes. A carta tem o objetivo de transmitir uma mensagem. Por isso mesmo, me impressiona a comparação que o apóstolo Paulo faz aos cristãos de Corinto:
“Será que necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou de vossa parte? Vós mesmos sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Vós mesmos tendes demonstrado que sois uma carta de Cristo, resultante de nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito” (II Cor.3: 2,3))
Ser uma carta portadora de boas novas de salvação é um privilégio, pois o conteúdo revela o maior milagre que já existiu: o meio de alcançar a vida eterna, por intermédio de Jesus Cristo. Porém, como todo privilégio, também é uma responsabilidade, pois essa mensagem não deve ficar confinada num envelope, embolorando numa gaveta qualquer, por tempo indeterminado.
Como mensageiros das boas notícias, precisamos divulgá-las, especialmente pela conduta ética, pela integridade de caráter, pela alegria e pela disponibilidade de ajudar o próximo.
Que Deus nos ajude a ser, de fato, verdadeiras cartas vivas!