Numa situação de perda, é muito comum lamentar o que se foi, como o que aconteceu, depois do incêndio que, infelizmente, destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Irreparável, mesmo!
E isso acontece, muitas vezes, com mais intensidade, quando se perde uma pessoa querida, ou a saúde – nosso bem mais precioso – ou uma oportunidade esperada, ou uma situação financeira que parecia sólida… Não é fácil, pelo contrário, é extremamente doloroso passar por essas adversidades.
A gente sabe que Deus é amor, mas tem dificuldade em viver esse amor; reconhece que o Espírito Santo é o Consolador mas, diante de um sofrimento tão intenso, recusa-se a ser consolado… Sempre ouvimos falar que Deus é libertador, mas não permitimos que ele nos liberte da dor… Somos contraditórios, sim.
Quando minha mãe ficou viúva, depois de um casamento de 32 anos, passou um tempo profundamente abatida, quando a dor parecia escorrer dos seus olhos verdes, antes tão serenos… Numa consulta com um médico querido da família, ele perguntou-lhe sobre as filhas e os netinhos. Então, com muito tato, falou da importância da avó para essas criancinhas e de como ela poderia ser uma bênção para os seus queridos. Foi uma lição tão boa que ela procurou passá-la para pessoas enlutadas que encontrou pela vida afora.
De fato, com o transcorrer do tempo, vamos aprendendo sobre a importância de ser gratos pelas alegrias que já tivemos e pelas lições que as dificuldades nos proporcionaram. Em vez de ficar acorrentados ao passado que não volta e às lamentações pelas perdas irreversíveis, temos a alternativa de olhar para o que restou.
Se é impossível saber o tempo que ainda temos, podemos valorizar o que ficou e contabilizar os afetos familiares, as boas amizades e as oportunidades para compartilhar hoje uma vida mais agradável.
Você já consolou uma criança ferida? Quanta ternura somos capazes de transmitir ao netinho que esfolou o joelho,nao é? Imagine Deus, que é a essência do amor, quanto pode nos consolar e ensinar a olhar para tudo que ainda restou!